Ficção explora a realidade de personagens que frequentam os bailes da terceira idade na cidade e foi realizada por equipe e elenco majoritariamente formados por pessoas negras
Publicado em 15/02/2022
Atualizado às 10:23 de 15/02/2022
por Ana Luiza Aguiar
O curta-metragem A velhice ilumina o vento traz um novo olhar sobre um tema que, após anos sendo ignorado, finalmente tem sido discutido: a solidão da mulher negra. O filme, realizado pelo Coletivo Audiovisual Negro Quariterê, foi um dos projetos selecionados pelo edital do programa Rumos Itaú Cultural 2019-2020 e conta a história de Valda, mulher preta, idosa, periférica, trabalhadora doméstica da cidade de Cuiabá (MT).
O roteiro baseou-se na pesquisa de mestrado da diretora do filme, Juliana Segóvia, que mapeou os bailes de terceira idade da capital do Mato Grosso. Ao longo de três anos de pesquisa de campo, a cineasta criou um vínculo de amizade com Dalva, mulher preta, periférica e diarista que inspirou o desenvolvimento do curta. “Apesar de não biográfica, a narrativa do filme conta com elementos pertencentes à realidade de Dalva e de tantas outras mulheres pretas idosas, trabalhadoras ativas que vivenciam suas experiências de autonomia sobre a própria vida”, conta Juliana.
Além de contar uma história, o coletivo queria que a realização do filme servisse de processo de formação profissional para os envolvidos no projeto. Por isso, a equipe foi formada por mais de 30 pessoas, majoritariamente pretas, profissionais iniciantes que contaram com o apoio e a orientação de realizadores com carreira consolidada. Isso também se refletiu na escolha por um elenco formado por não atores e não atrizes, incluindo a protagonista, Benedita Silveira, que vive Valda. Benedita não tinha nenhuma experiencia artística anterior. Ela é uma liderança política do bairro Passaredo de Cuiabá, profissional da área da saúde e mãe de cinco filhos.
A realização do curta-metragem contou com o apoio das produtoras Latitude Filmes e Plano B Filmes, da empresa AgroSerra e da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat). A velhice ilumina o vento é a primeira produção do Coletivo Quariterê e será exibido em mostras e festivais no ano de 2022.
Sobre o Coletivo Quariterê
Criado no ano de 2017, o Coletivo Audiovisual Negro Quariterê é formado por afrodescendentes que atuam como produtores e entusiastas do audiovisual do estado de Mato Grosso. O grupo pretende discutir temáticas relacionadas às questões raciais e suas interseccionalidades, que agravam preconceitos de gênero, sexualidade, geracionais e de estratificação social e econômica.
O nome do coletivo homenageia o Quilombo do Quariterê, localizado na região de Vila Bela, primeira capital mato-grossense. A história do local é a história de Teresa de Benguela, rainha do Quariterê. Sua resistência heroica e seu espírito democrático foram inspirações para a criação desse lugar de aquilombamento para os profissionais do audiovisual do estado, ao qual eles podem chegar e se reconhecer entre pares.
Sinopse
A velhice ilumina o vento conta a história de Valda, mulher preta, idosa, periférica, trabalhadora doméstica da cidade de Cuiabá. Mulher forte, cuiabana do “pé rachado”, Valda subverte em seu cotidiano o paradigma da velhice estigmatizada.
Equipe técnica
Roteiro e direção: Juliana Segóvia
Produção-executiva: Maurício Pinto
Direção de produção: Luiza Raquel
Direção de fotografia: Kelven Queiroz
Assistente de direção: Wuldson Marcelo
Casting: Luiza Raquel
Preparação de elenco: Éverton Britto
Assistente de produção: Sophia Cardoso
Produção de locação: Luiza Raquel
Produção de set: Rodrigo Zaiden e Maurício Pinto
Montagem: Juliana Segóvia e Maurício Pinto
Assistente de câmera: Lucas Costa
Storyboard: Kâue Macedo
Video assist e logger: Neto Costa
Claquete: Kâue Macedo
Continuísta: Pollyana Rodrigues
Platô: Igor Matos
Direção de arte: Amanda Figueiredo
Assistente de arte: Isabelle Fanaia, Karine Queiroz e Maria Clara Bertúlio
Figurino: Janfherm Anddres
Maquiagem: Alison Rangel
Técnicos de som direto: Jonathan César e Karina Alves
Mixagem e desenho de som: Augusto Krebs
Direção de trilha e composição: Augusto Krebs
Maquinista: Edson Jesus Costa
Assistente de maquinista: Lucas Costa
Elétrica: Jordan Lino de Pontes
Motorista: Reinaldo Bueno