Realizada com apoio do programa Rumos Itaú Cultural, a obra retrata uma das mais renomadas fotógrafas contemporâneas, Claudia Andujar
Publicado em 22/07/2022
Atualizado às 10:54 de 25/07/2022
Estreou no dia 7 de julho, nos cinemas, o documentário Gyuri, da diretora Mariana Lacerda. A obra, que teve apoio do programa Rumos Itaú Cultural, retrata a luta do povo indígena Yanomami por meio do trabalho do líder Davi Kopenawa e da fotógrafa Claudia Andujar, judia sobrevivente da Segunda Guerra Mundial que se exilou no Brasil e dedicou sua vida à salvaguarda desses povos. No Instituto Moreira Salles em São Paulo (IMS Paulista), o filme é exibido de 22 a 31 de julho.
Confira os dias e os horários de exibição.
Conhecida também por sua relação de mais de três décadas com os povos indígenas, Claudia nasceu na Suíça em 1931 e morou até os 13 anos na Hungria, onde presenciou o genocídio de judeus – entre os quais estava parte de sua família. A experiência no Brasil, para onde veio em 1955, a colocou cara a cara com outra tentativa de extermínio: aquela dirigida contra os povos da Amazônia.
Por meio de diálogos de Claudia com Davi Kopenawa e Carlo Zacquini, e da narração do filósofo húngaro Peter Pál Pelbart, o filme acompanha o reencontro da fotógrafa com os Yanomami, registrado pela diretora em 2018. O público assiste a um retrato da sua militância incansável, do seu passado de guerra e da vulnerabilidade atual dos povos indígenas.
Nos primeiros minutos do filme, Claudia narra em húngaro – com dificuldade – cenas de sua infância e os horrores da Segunda Guerra Mundial. Ela conta a história de seu primeiro beijo, o único que o menino judeu Gyuri lhe deu. Logo depois, ele e seu pai foram levados para Auschwitz.
Num segundo momento, acompanha-se o retorno de Claudia à terra indígena dos Yanomami, recebida pelo xamã, escritor e líder político Davi Kopenawa e pelo ativista Carlo Zacquini, missionário católico defensor dos povos originários. A capacidade da fotógrafa de compreender a alma do outro é relatada com admiração.
Gyuri é o primeiro longa-metragem da diretora Mariana Lacerda, formada em jornalismo e mestra em história da ciência. Entre suas produções, destacam-se os curtas-metragens Menino-aranha (2008/2009), A vida noturna das igrejas de Olinda (2012), Pausas silenciosas (2013), Baleia Magic Park (2015) e Deserto (2016), além de alguns projetos televisivos, como República da poesia, Histórias de fantasmas verdadeiros para crianças e episódios para séries documentais da TV Expresso.