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Grupo produz dez máquinas improváveis para espetáculo "A Última Invenção"

A cadeira do carinho, um vestido dançante, máquinas de lembranças e de voar. Esses objetos improváveis estão ganhando forma pelas mãos do artista Luciano Wieser

Publicado em 17/05/2019

Atualizado às 16:31 de 17/07/2019

por Letícia de Castro

A cadeira do carinho, um vestido dançante, máquinas de lembranças e de voar. Esses objetos improváveis, que poderiam ilustrar as páginas de livros de fantasia ou de contos de fadas, estão ganhando forma pelas mãos do artista Luciano Wieser, fundador e integrante do grupo de teatro gaúcho De Pernas pro Ar. Eles farão parte do novo espetáculo da trupe, A Última Invenção.

Com 31 anos de estrada, o grupo ganhou destaque na cena brasileira ao apresentar um teatro de rua que mistura circo, artes visuais, música e animação, no qual os atores contracenam com maquinários e engenhocas diversas, bonecos manipuláveis e instrumentos musicais.

Wieser está desenvolvendo, com o apoio do Rumos Itaú Cultural, as dez máquinas que serão o ponto de partida para a dramaturgia de A Última Invenção. “Através de nossos sonhos e desejos, das interferências estéticas, funcionais e tecnológicas, essas novas máquinas criam possibilidades de dramaturgias, inspiram histórias. Uma construção vai influenciando a outra e, assim, naturalmente, começamos a imaginar”, diz o artista. A narrativa tratará de temas como o amor e a velhice. “Memórias de uma vida que vai sendo esparramada por essas máquinas. Pedaços do corpo humano vão se espalhando pelas engrenagens, dando um novo significado”, completa Wieser, que até o momento concluiu cinco das dez criações integrantes do projeto.

A máquina de sapateado, por exemplo, é o resultado da combinação de uma antiga máquina de costura com moldes de sapateiro. O mecanismo permite que um grupo de sapatos “dance” uma valsa. O tradicional realejo é a inspiração para o dedalejo, engenhoca musical que criará as linhas melódicas do espetáculo. Outra invenção é a mão mecânica, que fará parte de uma máquina ainda maior e poderá interferir na ação do ator. “Estamos no meio do processo, descobrindo as aspirações dramatúrgicas de cada máquina. Ele vai se aprofundando à medida que as peças vão sendo construídas e podem provocar, inclusive, modificações ou necessidades de complementos na manipulação e nas funcionalidades das máquinas já criadas”, diz Wieser.

É na sede da companhia, em Canoas, no Rio Grande do Sul, que todas as traquitanas são construídas de forma artesanal. O espaço ganhou o apelido de Inventário e guarda também o acervo de criações do grupo, com máquinas, figurinos e bonecos, além de sediar oficinas, residências artísticas e eventos culturais.

Todo o processo criativo e de construção das peças está sendo registrado em vídeo e pode ser acompanhado no canal do grupo no YouTube. Em novembro, como conclusão do projeto, será realizada uma grande exposição das máquinas criadas para a montagem de A Última Invenção.

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