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Rumos 2013-2014: Quebrando os limites da fotografia

selecionado: Gilvan Barreto Quando começou sua carreira profissional, lá no meio dos anos 1990, o fotógrafo pernambucano Gilvan Barreto...

Publicado em 16/04/2015

Atualizado às 21:07 de 02/08/2018

obra: Orquestra Brasileira de Fotografia
selecionado: Gilvan Barreto

Quando começou sua carreira profissional, lá no meio dos anos 1990, o fotógrafo pernambucano Gilvan Barreto tinha entre suas principais influências nomes da música, do cinema e da literatura. Recife fervia com o movimento mangue beat e ele transitava por um círculo diverso de amizades. Já vem desde esse tempo uma percepção que se faz presente em toda a sua trajetória: de que a fotografia pode e deve se alimentar de outras artes.

“No começo da minha vida profissional, os caras que eu mais admirava pela criação autoral eram os músicos, os cineastas. Eu já achava que a fotografia tinha que se abastecer de outras coisas além da própria fotografia”, comenta. Consciente disso, Gilvan desenvolveu a sua carreira com um trabalho focado em questões sociais e políticas e na relação do homem com a natureza. Há nove anos, mudou-se para o Rio de Janeiro e, desde 2012, vem conseguindo produzir grandes projetos autorais, como os livros Moscouzinho (Tempo d'Imagem, 2012) e O Livro do Sol (Tempo d'Imagem, 2013). Neste ano, lança mais uma publicação, Sobremarinhos, que celebra os seus 20 anos de profissão e é mais uma tentativa de trazer suas referências de outras linguagens para a imagem fotografada.

Apesar das iniciativas, Gilvan ainda tinha inquietações sobre como fomentar essa troca artística para além da sua obra, sobre como quebrar os limites da fotografia e promover um grande encontro artístico. Foi nesse contexto que ele idealizou duas propostas semelhantes e complementares: a Orquestra Pernambucana de Fotografia e a Orquestra Brasileira de Fotografia.

Ambas são exercícios de criação coletiva, que propõem uma troca entre música e imagem. Sua ideia é investigar essa relação entre as duas expressões artísticas e mostrar, por exemplo, como a música ajuda a traduzir uma foto, como imagens podem ser transformadas em melodias ou ter o seu entendimento ampliado por meio da audição.

De forma prática, a iniciativa funciona assim: a partir de ensaios fotográficos realizados por pessoas que trabalham com a imagem de maneira diversificada (não apenas fotógrafos, mas também cineastas, artistas plásticos), músicos irão compor melodias. “A ação parte do princípio de que imagens fotográficas são como composições musicais, ou seja, representações de realidades e narrativas de seus autores. Em outras palavras: a fotografia, enquanto realidade criada, pode nos levar à música – e vice-versa.”

Registros audiovisuais também deverão ser produzidos e colocados à disposição do público em um site ou aplicativo. A Orquestra Pernambucana de Fotografia já está mais adiantada e deve ser lançada em meados deste ano. Registros audiovisuais também deverão ser produzidos e colocados à disposição do público em um site ou aplicativo. A Orquestra Pernambucana de Fotografia já está mais adiantada e deve ser lançada em meados deste ano. Integram o projeto as duplas de foto e música: Bárbara Wagner e Romário Menezes de Oliveira Jr, o Pupillo; Beto Figueiroa e Juliano de Holanda; Gilvan e Siba; Gabriel Mascaro e Lirinha; Pio Figueiroa e Jorge Du Peixe; as irmãs Priscilla e Karina Buhr; Ricardo Labastier e Junio Barreto; Rodrigo Braga e Otto; e Ana Farache e Isaar. A produção musical é de Pupillo e Berna Vieira. O design é assinado por Ricardo Gouveia de Melo.

Para a Orquestra Brasileira de Fotografia, que tem apoio do Rumos, ainda não estão fechados todos os participantes, mas a intenção é ter pelo menos um representante de cada região do país. O objetivo é lançar a obra entre o fim deste ano e o início de 2016. “É mais do que um show, é mais do que uma gravação de um DVD, CD. É como se eu estivesse abrindo espaço para um grande ensaio, trazendo os amigos, convidando-os para trabalharmos juntos e registrando tudo isso”, conclui Gilvan.

 

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