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Gianfrancesco Guarnieri: um artista tamanho GG

O ator, cronista, compositor, diretor e dramaturgo completaria 90 anos e tem sua vida e obra homenageadas no teatro e no cinema

Publicado em 06/08/2024

Atualizado às 16:00 de 06/08/2024

por Cristiane Batista

Tudo parece superlativo, tamanho GG, quando se fala de Gianfrancesco Guarnieri, artista falecido em 2006 e que completaria 90 anos hoje, 6 de agosto. Tido como genial por seus pares e pela crítica e gigante pelo tamanho e pela qualidade de sua produção, seu legado segue sendo revisitado nos palcos, streamings e bastidores.

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Guarnieri iniciou sua carreira artística na década de 1950 e se destacou em mais de cem produções. Foi ator, diretor e dramaturgo no teatro, na televisão e no cinema. Foi compositor, cronista e militante político, sempre recorrendo à incansável máquina de escrever Remington para expressar seu inconformismo frente às injustiças sociais.

Do tipo que acredita que vida e obra são uma coisa só, ele defendeu seus princípios em inúmeras entrevistas, seja a programas de grande audiência, como o TV Mulher, em 1980, seja à jornalista Marília Gabriela (“A arte é sempre política, no sentido da participação e também da omissão”) ou às então alunas de pós-graduação em literatura brasileira Carmen Lúcia Fossari e Marli Tereza Furtado, em 1982: “Meu comportamento diante do mundo, da minha sociedade, do meu país, está muito ligado com aquilo que escrevo. Não sei desligar uma coisa de outra. E nem quero”.

Para o crítico teatral e professor Décio de Almeida Prado (1917-2000), isso se refletiu em sua obra, propondo ao espectador (e ao leitor) o paradoxo de que "não é preciso partir de suas premissas ideológicas para admirá-las enquanto lição humana e realização estética" (O melhor teatro: Gianfrancesco Guarnieri, Global Editora, 1986).

Guarnieri sempre focou seu interesse nos sentimentos e conflitos humanos, nas mais diversas linguagens e plataformas em que atuou: nos teatros de resistência e “de ocasião” – como ele se referia aos trabalhos resultantes das limitações impostas pela censura nos anos de ditadura –, nas novelas, na frente e atrás das câmeras no cinema e como compositor ou cronista. Militou pelas causas em que acreditava: a luta contra a censura, a anistia dos presos políticos e o movimento Diretas Já, chegando a ser o primeiro secretário municipal de Cultura de São Paulo no período da redemocratização.

Dois grandes clássicos da carreira de Guarnieri ganham remontagens nesta comemoração dos seus 90 anos: Um grito parado no ar, pelo grupo paulistano Teatro do Osso, e Eles não usam black tie, pela companhia carioca Projeto Cria. E o Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (CPC/Umes) realiza, durante todo o mês de agosto, a Mostra grandes momentos, homenageando Guarnieri e seu parceiro Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, falecido há 50 anos. 

Na programação do evento, que é gratuito e acontece no Cine-Teatro Denoy de Oliveira (Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista), está o documentário Guarnieri, lançado em 2017 e dirigido por Francisco Guarnieri, neto de Gianfrancesco, com um debate ao final da sessão. Além disso, são exibidos filmes estrelados pelo artista, como O grande momento (Roberto Santos, 1958), O jogo da vida (Maurice Capovilla, 1977), A próxima vítima (João Batista de Andrade, 1983) e Eles não usam black tie (Leon Hirszman, 1981), também disponível na Itaú Cultural Play.

Guarnieri por Francisco Guarnieri

Dois casamentos, cinco filhos, oito netos, dois bisnetos e uma produção artística em que vida e obra são indissociáveis. Afinal, como Guarnieri costumava dizer, “antes do artista vem o homem. A arte só reflete o posicionamento do artista”. 

No documentário, o cineasta Francisco Guarnieri foi em busca de se aproximar do avô e da figura do pai de seu pai e seus tios, para além do artista famoso. Valendo-se de fotografias de família, arquivos de áudio com ligações telefônicas, artigos de jornal, imagens de filmes, novelas e peças teatrais e entrevistas, ele traçou um perfil de Guarnieri em sua vida pública e privada.

“Nesse processo, conheci muito melhor o dramaturgo, o ator, o artista e o ser humano. Além da questão pessoal, foi fundamental encontrar o que havia de universal nisso tudo. Sua postura como artista e como cidadão inspiram não só o meu trabalho, mas um posicionamento em relação a estar em sociedade. Como cineasta, fica uma profunda admiração pela produção dele e de várias outras figuras de sua geração. O que fizeram ali entre os anos 1950 e 1960 é admirável e fundamental para boa parte do que hoje é produzido”, diz Francisco. 

Eles não usam black tie em 1956, 1981 e 2024

Guarnieri escreveu sua primeira peça em 1956, quando tinha apenas 21 anos. Eles não usam black tie, sua estreia na dramaturgia, é também um marco no teatro e no cinema, com montagens no Brasil e no exterior.

Encenada em 1958 pelo Teatro de Arena, a peça foi pioneira em colocar a classe trabalhadora, sem acesso à “alta-costura”, como protagonista da narrativa, retratando a vida operária carioca e os conflitos do proletariado com a classe dominante: os diferentes valores e motivações individuais e sociais. 

Ao som de “Nóis não usa os bleque tais”, música-tema composta por Gianfrancesco Guarnieri e Adoniran Barbosa, desenrola-se a saga da família do veterano líder sindical Otávio e sua mulher, Romana. O filho mais velho dos dois, Tião, descobre que sua namorada, Maria, está grávida, e resolve se casar. Só que acontece uma greve na fábrica onde pai e filho trabalham e Otávio é espancado e preso. Com a justificativa de querer dar um destino diferente à sua nova família, Tião se opõe às convicções do pai e fura a greve, gerando confrontos dentro e fora de sua casa.

Noticiada pelo jornal Última Hora em 7 de março de 1958, com a manchete “Idealismo e coragem são armas do teatro”, a montagem ficou em cartaz por dez meses – um longo período para os padrões da época –, salvando o Teatro de Arena de uma iminente falência financeira.

Leon Hirszman dirigiu a adaptação para o cinema, que estreou em 1981, tendo como pano de fundo as greves do ABC Paulista e a ditadura militar. Considerado uma das principais obras do movimento Cinema Novo, o filme recebeu o Leão de Ouro no Festival de Veneza de 1982 e tem no elenco o próprio Guarnieri, além de Fernanda Montenegro, Milton Gonçalves, Bete Mendes, Carlos Alberto Riccelli e Flávio Guarnieri.

Agora, na comemoração das nove décadas do nascimento do dramaturgo, o clássico ganha uma nova montagem, no Teatro Glauce Rocha (Avenida Rio Branco, 179, Centro do Rio de Janeiro), de 8 a 29 de agosto, com um elenco de dez jovens talentos – todos do Projeto Cria, formado por integrantes de antigas turmas do grupo Nós do Morro, surgido no morro do Vidigal.

“Tudo partiu de um estudo que fiz com a companhia. Este tributo ao legado do Gianfrancesco dramaturgo e ator reforça a importância de sua obra na história do teatro brasileiro e a atualidade de suas reflexões sobre a luta de classes e as dinâmicas familiares. Aproveitamos também para fazer homenagens a ele em cena, atentando para o gestual, porque, além de escritor genial, é lindo ver como ele era honesto e legítimo em sua interpretação, sem vaidade ou floreio”, explica o diretor João Velho.

Em sua terceira temporada, o espetáculo se mantém fiel ao texto original, mas com pequenas adaptações em relação ao tempo e ao lugar em que se passa: “Em vez de ´você gosta de eu?´, mudei para ´tu gosta de mim?´, por exemplo”, cita o diretor. Outra mudança foi a inclusão de um músico, o personagem Juvêncio, interpretado por João Amorim, que entra em cena tocando violão. 

João Velho conta que seu pai, o amigo de Guarnieri e também ator Paulo César Pereio, falecido neste ano, foi ver a peça e ficou muito emocionado. “Naquele jeito dele, disse: ‘Derrubei uma lágrima´. E eu: ‘Peraí, pessoal, o Pereio chorou!’. Depois, comentou que achou tudo muito rápido e pediu que se respeitassem mais as pausas e os silêncios. Estou revendo isso nesta nova temporada, porque ritmo não é velocidade, aceleração, é só ritmo mesmo, né?”

Guarnieri concordaria com isso, a julgar pelo depoimento presente no livro Gianfrancesco Guarnieri – um grito solto no ar, do jornalista e dramaturgo Sérgio Roveri (coleção Aplauso, 2004): “Eu trabalho muito com pausas, pode notar. Pausas maiores, pausinhas, não importa o tamanho, o fato é que elas sempre estão na minha interpretação. É que a palavra que eu busco, enquanto interpreto, nunca vem como um tijolo, ela vem suavemente, pausadamente. Eu tenho ódio das frases que são atiradas na plateia como se fossem um tijolo, são frases bobas. Frases inteiras que dão a ideia de que tudo foi combinado. O ator precisa aprender a valorizar cada palavra e, claro, a ideia que elas transmitem”.

Ossos do ofício

Criada na fase que Guarnieri chamava de teatro de ocasião, feito “apesar das circunstâncias e devido às contingências”, a peça O grito parado no ar, de 1973, fala de um grupo impedido de estrear um espetáculo por falta de estrutura e por dificuldades burocráticas, físicas e emocionais. À época, o uso de metalinguagem e metáforas conseguiu furar o cerco da censura no auge da ditadura civil-militar brasileira.

Em setembro, o texto ganha nova montagem, do grupo paulistano Teatro do Osso, que se debruça sobre a obra desde 2018 com o apoio do ator e diretor Othon Bastos, produtor da primeira versão: “Isso não é uma peça, é um roteiro, um ensaio calcado na improvisação. Tem que aproveitar essa época para trazer O grito para hoje, já tem gente pedindo o ato institucional, a volta da ditadura!”, alerta Bastos. 

Dirigida por Rogério Tarifa, a remontagem é descrita pelo grupo como um ato-espetáculo musical que dialoga com o seu tempo histórico, o teatro, a música e a poesia. Em cena, são seis atores, dois músicos e um coro formado por estudantes, imigrantes e três atrizes, entre elas, Dulce Muniz, que participou do Arena. “A gente acredita muito nessa coletividade. Na versão original e genial do Guarnieri, ele insere um áudio com entrevistas feitas com cidadãos comuns da cidade para o elenco interagir e improvisar no laboratório em cena. Em 2024, temos entrevistas atualizadas para o nosso tempo e o coro participa também, como uma materialização desta cidade, representando a diversidade da nossa sociedade”, conta Tarifa. 

A versão de 1973 contava com apenas uma música, a homônima “Um grito parado no ar”, composta por Guarnieri e Toquinho (“Até a Lua tem as nuvens por mordaça / Assassinada mesmo antes de nascer / A esperança sobe aos céus como fumaça / Quem souber de alguma coisa / Venha logo me avisar / Sei que há um céu sobre esta chuva / E um grito parado no ar”). 

Na versão de 2024, a trilha tem mais dez composições, assinadas por Jonathan Silva. Outro diferencial é a inclusão de Guarnieri como um personagem-regente, interpretado pelo diretor Rogério Tarifa. Em cena, ele lê um poema recitado muitas vezes por Guarnieri: “Quando o amor é maior do que a cabeça, só se pode fazer política com o coração. Rebelde ou não, identifico um canto. Todo silêncio é um eco de um barulho que há de vir. Minhas mãos ergui contra a doutrina do poderoso conformismo e bebo vinho oriundo dos meus campos ancestrais. Menos vale a mais-valia do que vale o mais amor e tudo é sangue: o vinho, a vinha e a luta”. 

Arte como princípio e meio

Como parte de seu processo investigativo, o Teatro do Osso preparou também a exposição virtual Do canto ao grito – um estudo sobre o teatro épico no Brasil a partir da obra Um grito parado no ar, feita com base no material de acervo coletado na pesquisa. Em nove salas temáticas, entre vídeos, áudios, fotos e estudos de cena, cenário e iluminação, o público tem a oportunidade de conhecer os bastidores do ensaio e da feitura do espetáculo e refletir sobre uma questão: O que significa fazer teatro hoje?

O projeto foi realizado com o apoio da 34ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo e está disponível no site da companhia. As encenações ao público acontecem em setembro, no Teatro Studio Heleny Guariba (Praça Franklin Roosevelt, 184, Centro de São Paulo). Em novembro, o grupo pretende levar a exposição física para outras instituições culturais. 

Guarna, Guarnica, Cecco, Theco 

Nascido Gianfrancesco Sigfrido Benedetto Martinenghi de Guarnieri, no dia 6 de agosto de 1934 – mas registrado dois dias depois –, em Milão, na Itália, Gianfrancesco Guarnieri ganhou alguns apelidos na vida, como Guarna, Guarnica, Cecco e Theco.

Filho de um maestro e uma harpista fugidos do regime fascista de Benito Mussolini, “artistas renomados, libertários e inimigos de qualquer regime que fizesse vistas grossas às desigualdades sociais”, como dizia, Gianfrancesco chegou ao Rio de Janeiro com 2 anos de idade. 

Criado entre o fosso das orquestras e as discussões políticas, ele desenvolveu-se entre a arte e a militância com o mesmo fervor, tornando-se, como escreve Sérgio Roveri, um inconfundível porta-voz de uma gigantesca parcela da sociedade que sempre viveu a quilômetros de qualquer título de nobreza: os pobres, os favelados, os operários, os sedutores malandros do morro, os comunistas, os perseguidos pelos regimes políticos sangrentos, as prostitutas, os grevistas e mais uma infinidade de desamparados sociais a quem ele reservou um abrigo acolhedor que, mesmo sujeito a intempéries econômicas, políticas e sociais, nunca teve telhado de vidro: o palco”.

O teatro entra em sua vida aos 14 anos, primeiro nas coxias, como “ponto” (a pessoa que dita o texto aos atores), e depois como ator e autor da peça Sombras do passado, escrita como crítica ao vice-diretor da escola – iniciativa que lhe valeu um convite para sair da instituição. 

Ainda na adolescência, ele embrenha-se no movimento estudantil e começa a colaborar com uma publicação da Juventude Comunista. Depois, torna-se presidente da Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas e vice-presidente da União Nacional dos Estudantes Secundaristas. 

Fugindo de uma desilusão amorosa no Rio de Janeiro, Gianfrancesco muda-se para São Paulo e, em 1955, funda, ao lado do amigo Oduvaldo Vianna Filho, o Teatro Paulista do Estudante. No ano seguinte, o grupo se funde ao Teatro de Arena, de José Renato Pécora, o Zé Renato (então aluno de Décio de Almeida Prado), e inicia, com Augusto Boal, um processo de pesquisa e composição estética que fundamentaria uma nova etapa do teatro brasileiro, comprometida com uma dramaturgia nacional, de forte cunho social e político, e que também prestigiava o compartilhamento de conhecimento promovendo cursos com críticos, artistas e intelectuais.

Como já mencionado, em 1956, aos 21 anos, Guarnieri escreve sua primeira peça profissional, Eles não usam black tie, encenada em 1958 pelo Arena e adaptada ao cinema em 1981. “Com Black tie, a gente rompeu com essa casca do medo, a gente saiu dessa clausura em que nos encontrávamos fazendo valer a nossa força no sentido de voltar à lida”, afirma o ator Milton Gonçalves (1933-2022), que participou das duas montagens, em depoimento ao diretor Lauro Escorel para Eles não usam black tie – conversando com o elenco (2007). 

Como dramaturgo, ele também se destaca com Gimba (1961); A semente (1964); O filho do cão (1964); Arena conta Zumbi (1967); e Arena conta Tiradentes (1968), os dois últimos escritos com Augusto Boal; além de Marta Saré (1968), feito sob encomenda da amiga Fernanda Montenegro; Castro Alves pede passagem (1972); Botequim (1972); Basta! (1972), interditada pela censura do Governo Federal; Um grito parado no ar (1973); e Ponto de partida (1976), texto feito em resposta ao assassinato do amigo e jornalista Vladimir Herzog pelo regime militar.

Ele também escreveu crônicas, publicadas diariamente (com exceção dos domingos) no jornal Última Hora, de fevereiro a abril de 1964, em parceria com o cartunista carioca Otávio. Essa coluna, como descreveu Cyro de Queiroz Guimarães, era “um espaço aberto para que pudesse conversar com o povo e analisar o trabalhador que madruga no mercado, os núcleos de imigração japonesa e chinesa, a miséria que bate à porta dos hospitais públicos.” Com o golpe militar, a coluna foi extinta, o que antecedeu à fuga de Guarnieri e do ator Juca de Oliveira para a Bolívia, onde ficariam por três meses. O material, organizado por Worney Almeida de Souza, está publicado no livro Crônicas de 1964 (editora Xamã, 2008). 

Mais tarde, Guarnieri tornou-se conhecido do grande público por sua atuação em novelas e séries de TV, como Mulheres de areia (1973) – que lhe rendeu o prêmio de melhor ator da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) pelo personagem Tonho da Lua –, Jogo da vida (1981), Vereda tropical (1984), Mandala (1987), Cambalacho (1986), Que rei sou eu? (1989), Rainha da sucata (1990), Anos rebeldes (1992), A próxima vítima (1995), Terra nostra (1999), Belíssima (2005) e Mundo da lua, seriado infantojuvenil produzido pela TV Cultura. 

Uma faceta do artista menos conhecida é a de compositor. Suas trilhas de peças e músicas como “Tem mesa de bar”, “Feio não é bonito”, “Nóis não usa os bleque tais” e “Upa, neguinho”, imortalizada na voz de Elis Regina (“Capoeira, posso ensinar/ Ziquizira, posso tirar / Valentia, posso emprestar / Mas liberdade só posso esperar”), estão reunidas em Um grito solto no ar – a música teatral de Gianfrancesco Guarnieri (2009). O disco, com 20 faixas compostas em parcerias com Edu Lobo, Toquinho, Carlos Lyra e Francis Hime, conta com a interpretação da atriz e cantora Georgette Fadel e com participações especiais. Um grito parado no ar é muito especial para mim. A iniciativa de Heron Coelho, que produziu o trabalho e me convidou a participar, foi baseada no fato de que sou muito fã do Guarnieri e o Arena é uma grande referência para o meu grupo, a Companhia São Jorge de Variedades, e tantos outros que surgiram nos anos 2000, em um movimento muito forte de grupos conscientes de si, que privilegiam o fazer coletivo e que fazem política mesmo sem nomeá-la. Guarnieri foi um ator popular que flertou e apontou o dedo para trás, para o presente e o futuro, para mostrar o que é a dramaturgia teatral”, aponta Georgette. 

Guarnieri faleceu no dia 22 de julho de 2006, vítima de complicações decorrentes de uma insuficiência renal crônica. O acervo de sua carreira, compilado em livros, documentos, manuscritos, fotografias e objetos, foi doado pela família ao Centro de Documentação Teatral (CDT), da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), e está disponível para o público.

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