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Grupo Opni | Série ‘Coletivos culturais’

Formado em 1997 em São Mateus, bairro da periferia de São Paulo, o Grupo Opni trabalha a arte e a cultura popular a partir do grafite, da...

Publicado em 12/02/2016

Atualizado às 10:19 de 03/08/2018

Formado em 1997 em São Mateus, bairro da periferia de São Paulo, o Grupo Opni trabalha a arte e a cultura popular a partir do grafite, da fotografia e do hip hop. Parte do trabalho do grupo esteve presente na galeria A7MA, na exposição Opni CoMvida – Um Rolê por São Mateus, que aconteceu de 20 de novembro de 2015 a 23 de janeiro de 2016.

Durante a exposição, o Observatório Itaú Cultural visitou o espaço e conversou com os integrantes do grupo para saber mais sobre sua atuação e os desdobramentos de suas ações.

Qual é a história do Grupo Opni e sua proposta?

Formado em 1997, o Grupo Opni era inicialmente composto por cerca de vinte jovens moradores do bairro de São Mateus, na periferia de São Paulo, que se reuniram com um ideal em comum: expressar por meio da arte a realidade do dia a dia, que os tornava invisíveis para oportunidades e visíveis para vários tipos de violência que a sociedade coloca até hoje nos bairros pobres do Brasil. Tal intenção é refletida na sigla que dá nome ao grupo, que já significou Objetos Pixadores Não Identificados, Os Policiais Nos Incomodam, Ódio Produz Nossa Inspiração e Os Prezados Nada Importantes. Atualmente, o nome do coletivo não pretere definições, significando um grito de guerra pessoal que representa a periferia.

O trabalho que vocês desenvolvem em São Mateus já gerou algum desdobramento no surgimento de novos e jovens artistas? Se sim, quais trabalhos vocês destacam?

Entre as principais preocupações está este lance de influenciar positivamente as crianças e os jovens que estão próximos a nós, e isso acaba sendo uma parte prazerosa do trabalho. Aqui na quebrada foi fundado o espaço São Mateus em Movimento, no qual são oferecidas oficinas para quem tem interesse em arte. O legal é que não se aprende apenas sobre o grafite, mas também sobre outros elementos ligados ao hip hop e à cultura popular. O espaço também é aberto para artistas e produtores culturais da região que promovem e participam de palestras sobre os mais variados assuntos, como culturas digitais ou mesmo o auxílio na escrita de um projeto de trabalho.

Acreditamos nessa troca para fortalecer a arte em nossa região. Então, até podemos influenciar, mas também somos transformados diariamente com a riqueza de ideias dos que nos cercam, pois a comunidade está repleta de artistas que nem sempre estão ligados ao grafite, mas que compartilham das mesmas ideias e dos mesmos valores que nós. Entre eles, podemos citar nomes como Negotinho, MC e produtor cultural que também é responsável pelo São Mateus em Movimento, ou o grupo Odisseia das Flores, formado por mulheres e que leva mensagens de valorização feminina. Mas isso é apenas uma parte, tem muita gente talentosa por aqui e também é nosso trabalho lutar por oportunidades para que possamos desenvolver o potencial que possuem.

Vocês podem falar um pouco dos projetos que estão desenvolvendo no momento?

Um dos principais projetos é a Galeria a Céu Aberto, desenvolvido desde 2009 e que tem como objetivo ressignificar a Vila Flávia e ainda atrair o debate sobre as necessidades não supridas dos moradores do bairro. O projeto também originou uma série de vídeos que contou com participações de nomes do rap nacional como Emicida, KL Jay, Kamau, Thaíde e Xis e Max B.O. e Dexter. Na série, os artistas visitam a galeria, localizada na zona leste, e falam sobre temas diversos. O grupo Opni mantém ainda projetos como o Quadro Negro, que retrata pessoas importantes para a cultura afro-mundial.

Como funciona a gestão do grupo?

Somos a junção de sonhos que não são apenas nossos, mas também daqueles que nos cercam e dos que admiramos, então a gestão é conjunta. As ideias surgem e a equipe trabalha para tornar tudo possível. Não existe uma fórmula, pois o Opni é uma construção e nós apenas fazemos parte dela.

Vocês já recorreram a editais de financiamento? Se sim, quais editais e como foi trabalhar dessa maneira?
Não é novidade que a vida do artista brasileiro não é nada fácil. Quando a arte nasce na periferia, então, há quase que um abismo: de um lado está o talento e, do outro, as oportunidades. Vemos os editais como uma das pontes que podem ser utilizadas para percorrer o caminho. No entanto, as oportunidades ainda são muito escassas. Então, se o artista esperar apenas por esse tipo de financiamento, é praticamente impossível manter suas ações. Por exemplo, atualmente temos diversos projetos em andamento, mas apenas a série de vídeos Opni CoMvida aconteceu com patrocínio de edital. No final, o que conta mesmo é a soma de forças entre os nossos, que forma uma rede de parceiros que acredita no trabalho e, mesmo com dificuldade, torna as coisas possíveis.

E para 2016, o que grupo tem planejado?

O plano é continuar trabalhando e, se possível, transformar um pouquinho o que for tocado por nossa arte. Além da nossa exposição, encerrada em 23 de janeiro, em breve acontecerá o lançamento de mais três episódios da série Opni CoMvida, com participações de ícones do hip hop nacional.

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