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Série Postal está de volta

Apoiado pelo Rumos 2015-2016, o projeto segue agora de forma independente

Publicado em 20/03/2018

Atualizado às 11:56 de 03/08/2018

por Jullyanna Salles

O que é preciso para contar uma boa história em quadrinhos? Quanto espaço é necessário? Quanto dinheiro é preciso investir nos processos de produção, edição e impressão? Essas foram algumas das perguntas que o jornalista Ramon Vitral se fez ao idealizar o projeto Série Postal, apoiado pelo Rumos 2015-2016. Nele, 12 postais foram criados por expoentes das HQs brasileiras e distribuídos gratuitamente ao longo do ano passado. A publicação tomou fôlego e, em 2018, volta a ser produzida, agora de forma independente, em parceria com a gráfica Juizforana.

Levando em consideração os custos razoáveis de impressão, Ramon conta que precisava de alguma parceria para dar continuidade ao projeto após o término do apoio do Rumos. A resolução veio ainda nos processos de publicação do ano 1 da Série Postal. “A gráfica Juizforana, que imprimiu os primeiros 12 postais, adorou o projeto e mostrou interesse em fazer mais coisas desse tipo. No final do ano passado, enquanto eu finalizava a série, entrei em contato com eles propondo continuar e eles toparam”, explica o jornalista.

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No segundo ano, a Série Postal contará com cinco novos postais, mais uma vez com distribuição gratuita. “Não faz sentido os postais serem pagos; é muito importante pra mim que eles sejam gratuitos. A gente vive neste momento de quantificação do valor da arte, mas estes são artistas incríveis que você pode conhecer de graça”, conta Ramon.

O primeiro lançamento de 2018 acontece na Ugra, loja de quadrinhos independentes em São Paulo, em 22 de março. Assinado por Alexandre S. Lourenço, o pequeno espaço comporta 89 quadrinhos e conta a história de três gerações de super-heróis. “Tentei fazer algo que funcionasse nesse espaço, então dividi o máximo de quadros que consegui e fui desenhando pequenininho lá dentro”, diz o quadrinista em entrevista disponível no site do projeto.

Ramon destaca como os postais, em um espaço de 10 por 15 centímetros, contam uma história com começo, meio e fim. “Seja em uma imagem única ou em 89 quadrinhos, os dois [casos], à sua maneira, subvertem um pouco a ideia de que uma obra precisa ter capa dura, papel especial e preço alto; não tem, não. Eu gosto cada vez mais do fato de ser um projeto tão pequeno que faz pensar tanta coisa”, conta, referindo-se também a como cada artista trabalha de forma única a cor, a linguagem, o traço e outras particularidades que nem mesmo ele, que convidou esses quadrinistas, consegue prever: “Apesar de olhar aqueles postais diariamente em caixas no meu quarto, quando eles saíam e eu conversava com os artistas, surgiam novas leituras. Às vezes as coisas que eu acho incríveis não são as que o público vai achar, e o inverso também vale”.

Já inserido no universo das HQs por causa do blog Vitralizado e de reportagens especiais sobre esse tema, o jornalista explica como, depois de um ano inteiro com lançamentos mensais, a Série Postal se mostrou uma experiência: “A minha ideia era me inserir nesse mundo de edição de quadrinhos, e foi uma lição imensa. De como pensar quadrinhos, de ver a edição muito além do objeto quadrinho em si”.

Segundo Ramon, o maior desafio é a distribuição do produto, sobretudo em um país tão grande como o Brasil. “O projeto teve um alcance gigantesco em termos de audiência, de repercussão na imprensa. Era impressionante como às vezes não dava conta de as pessoas conseguirem [um postal]. Até hoje tem gente que me cobra alguma edição, tem gente que ainda está descobrindo o projeto”, conclui. São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Brasília foram algumas das cidades que receberam eventos de lançamento dos trabalhos.

Acompanhe as novidades, as entrevistas exclusivas e o making of da continuidade da Série Postal no blog Vitralizado e no site e na fanpage do projeto.

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