O coletivo recifense de artes integrada Sexto Andar fala um pouco sobre como é estar situado no Edifício Pernambuco, espaço que vem sendo...
Publicado em 11/06/2015
Atualizado às 21:10 de 02/08/2018
Sexto Andar é um coletivo, espaço cultural e ateliê de artes integradas situado no Edifício Pernambuco, centro do Recife, que nasceu da necessidade de artistas, coletivos de audiovisual, designers e produtores independentes de difundir, congregar e discutir os diversos campos artísticos.
Além de ser um ambiente de integração criativa, o Sexto Andar promove exposições, debates, oficinas, cineclubes e pocket shows. É formado por Anilina Produções e Soluções Criativas, Corujas, Carlota Produções, João Nascimento, Eric Gomes Fotografia, Isadora Melo, Jacaré Vídeo, Ianah Maia, Joana Velozo, Renata Pires Fotografia e Laura Tamiana.
OBS: Como o coletivo se formou e a partir de quais motivações?
Sexto Andar: Em 2013, quatro empresas (A Firma Design, Corujas – Assessoria em Comunicação e Produção Cultural, Jacaré Vídeo e Ostra Monstra – Coletivo de Audiovisual) alugavam como escritório salas diferentes no 7º andar do Edifício Pernambuco, localizado no centro do Recife. Mas o alto custo do aluguel fez as empresas repensarem esse tipo de ocupação. Quando o 6º andar do edifício ficou livre, resolvemos alugá-lo coletivamente para diminuir nossos gastos e usar o espaço como plataforma de atividades artísticas. Atualmente, onze inciativas habitam o Sexto Andar.
Como vocês organizam a gestão do coletivo e de quais meios ele se vale para manter o espaço e as atividades? Vocês já participaram de algum programa de fomento à cultura ou editais?
A organização do espaço físico é bem livre. Fazemos a divisão das áreas/limites entre as empresas com móveis e objetos, priorizando a comunicação entre os espaços. Acreditamos no potencial de troca entre cada iniciativa e na livre formação profissional. Esse campo coletivo é reafirmado quando vamos para o pagamento de contas e a divisão de valores: o custo do andar é dividido pelo número de pessoas, ou seja, todos pagam o mesmo valor e ocupam o mesmo espaço físico, independentemente da quantidade de pessoas por iniciativa. Para reduzir nosso custo e para trabalharmos todos, pelo menos uma vez por mês realizamos o evento ExcentriCidades; além de trabalharmos as duas questões citadas anteriormente, retribuímos a energia criativa que recebemos do caldeirão de ideias que é o centro do Recife. Coletivamente, já submetemos projetos a editais estaduais, mas sem sucesso, e todas as atividades que acontecem no espaço são feitas de maneira independente. Mas todas as empresas trabalham direta ou indiretamente com editais.
O coletivo Sexto Andar tem sua sede no Edifício Pernambuco, hoje ocupado praticamente por produtores culturais e artistas. Do ponto de vista de vocês, como o edifício impacta e recebe impacto do cenário cultural em que está inserido? Como é fazer parte desse organismo? Vocês costumam realizar projetos em conjunto com os outros grupos que ocupam o prédio?
Sabemos que estamos literalmente no centro onde as coisas acontecem e têm potencial para acontecer. O edifício foi se tornando um polo de referência para a cultura, o que nos assustou um pouco. Por questões de especulação imobiliária, que afeta não só a nós, mas também aqueles que chamamos de “recifenses de verdade” (pessoas que trabalham e vivem no centro, e em um centro só sentido por eles, como ambulantes, vendedores de CDs, sebos, restaurantes etc.), começamos a fazer quinzenalmente reuniões criativas com todo o edifício, a fim de nos conhecer, conhecer nossos potenciais e pensar como poderíamos nos unir criativamente. Paralelamente, já acontecia o ExcentriCidades, que serviu de base e inspiração para esse projeto de todo o prédio, o Sobe Aí, que nos une enquanto edifício, nos aproxima e oferece aos transeuntes do centro o mundo da cultura.
Qual é a proposta do ExcentriCidades, que reúne artistas de diferentes linguagens? Nele, qual a importância das cidades (palavra contida e destacada no nome do projeto)?
É o projeto de artes integradas do coletivo Sexto Andar, que busca retribuir a energia criativa do centro da cidade com atividades lúdicas e artísticas no próprio espaço, gerando a troca artístico-cultural em pleno rico e caótico cenário em que está inserido: o bairro de Santo Antônio, no coração do Recife. Em um ano de realização, o ExcentriCidades está em sua oitava edição e é uma das formas que o coletivo encontra para fazer a manutenção do espaço. A importância está exatamente no caráter que queremos dar: destacar a cidade, o centro, afirmar que o centro pulsa e que nele existem coisas belas e comuns, coisas belas e invisíveis.