Generosidade no conteúdo e na forma
A consciência política e a atenção às questões sociais sempre estiveram mescladas
à sensibilidade analítica do crítico literário. O texto produzido pelo Itaú Cultural especialmente para o hotsite da Ocupação Antonio Candido aborda o tema em um resumo de sua obra
Antonio Candido publicou seu primeiro livro, Brigada Ligeira, em 1945. Na obra, o autor reuniu alguns dos textos que vinha produzindo desde 1943 para a coluna “Notas de Crítica Literária”, do jornal paulistano Folha da Manhã – foi nesse espaço que o crítico reconheceu o talento de nomes como Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto e João Guimarães Rosa, até então pouco conhecidos. À época, ele também atuava como assistente no curso de sociologia da Universidade de São Paulo (USP) e, com o crítico de cinema Paulo Emílio Salles Gomes e outros intelectuais de esquerda, fundava a União Democrática Socialista – movimento político que se opunha ao Estado Novo e, em 1947, daria origem ao Partido Socialista Brasileiro (PSB).
A consciência política e a atenção às questões sociais sempre estiveram mescladas à sensibilidade analítica do crítico literário. “Confesso que, por toda a minha vida, mesmo nos momentos de mais agudo esteticismo, nunca fui capaz de perder a preocupação com os fatores sociais e políticos, que obcecaram a minha geração como uma espécie de memento e quase de remorso”, disse ele em 2011 para a revista Trans/Form/Ação, editada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Essa preocupação se manifesta tanto no conteúdo quanto na forma dos textos assinados por Candido. Seja abordando os elos entre a produção literária e as realidades histórica e social – como fez nos ensaios reunidos em Literatura e Sociedade (1965) –, seja analisando a obra de um dos seus autores favoritos, Graciliano Ramos – tema dos artigos que compõem Ficção e Confissão (1956) –, o crítico sempre se expressou com uma generosidade semelhante àquela que demonstrava no trato pessoal.
Sem se colocar acima dos leitores, expunha suas ideias – por mais complexas que fossem – de forma bastante clara, acessível, fazendo jus à noção de que a literatura deve ser entendida como um direito básico do ser humano – noção defendida no ensaio “O Direito à Literatura”, produzido em 1988 e posteriormente publicado em reedições do livro Vários Escritos (1970).
Além das coletâneas de ensaios, Candido é autor de obras de maior fôlego, como Formação da Literatura Brasileira – Momentos Decisivos (1959). Tido ainda hoje como uma referência para os estudos da área, o trabalho investiga a consolidação, entre os séculos XVIII e XIX, de um sistema literário no país, abrangendo autores, obras e públicos. Outro longo e importante estudo é Os Parceiros do Rio Bonito, concluído em 1954, como tese de doutorado em ciências sociais, e publicado dez anos depois. Fruto de uma pesquisa de campo realizada em diferentes municípios paulistas – Piracicaba, Tietê, Porto Feliz, Conchas, Anhembi, Botucatu e, principalmente, Bofete –, a obra explora os impactos do latifúndio e da urbanização, entre outros fatores, na cultura caipira.
Serviço
Ocupação Antonio Candido
Exposição
Abertura - 23 de maio (quarta-feira):
19h – Fala da professora Walnice Nogueira Galvão inicia o Colóquio Internacional
20h – Inauguração da exposição
De 23 de maio (quarta-feira) a 12 agosto (domingo)
Visitação: Terças-feiras a sextas-feiras, das 9h às 20h (permanência até as 20h30)
Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h
Piso térreo
Classificação indicativa: Livre
Colóquio
Colóquio Internacional Antonio Candido
De 23 a 25 de maio (quarta-feira a sábado)
Quarta-feira, às 19h - Sala Itaú Cultural (piso térreo) - 224 lugares
Quinta-feira e sexta-feira, às 18h e às 20h - Sala Multiúso (piso 2) – 80 lugares
Entrada gratuita
Distribuição de ingressos:
Público preferencial – duas horas antes do espetáculo, com direito a um acompanhante (ingressos liberados apenas na presença do preferencial e do acompanhante)
Público não preferencial – uma hora antes do espetáculo (um ingresso por pessoa)
Classificação indicativa: Livre | Acessível em Libras
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô
Fones: 11. 2168-1776/1777
Acesso para pessoas com deficiência
Ar condicionado
Estacionamento: Entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108
Se o visitante carimbar o tíquete na recepção do Itaú Cultural:
3 horas: R$ 7; 4 horas: R$ 9; 5 a 12 horas: R$ 10.
Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.
Cristina R. Durán:
cristina.duran@conteudonet.com
Karinna Cerullo:
cacau.cerullo@conteudonet.com
Mariana Zoboli:
mariana.zoboli@conteudonet.com
Roberta Montanari:
roberta.montanari@conteudonet.com
No Itaú Cultural:
Larissa Correa
larissa.correa@terceiros.itaucultural.org.br
Fone: 11.2168-1950
Carina Bordalo (programa Rumos)
carina.bordalo@terceiros.itaucultural.org.br
Fone: 11.2168-1906