Mostra Estendida

Exposição ultrapassa as paredes do Itaú Cultural e se estende ao Instituto Tomie Ohtake

Gravitação Magnética e Ão estão entre os trabalhos mais importantes da trajetória artística de Tunga. Dois momentos que apresentam diferentes aspectos da sua prática artística, sem que seja estabelecida qualquer hierarquia entre eles.  

Exibida em 1987, na 19ª Bienal de São Paulo, e remontada aqui pela primeira vez, Gravitação Magnética é a maior escultura realizada por Tunga. Uma enorme cabeleira - mais de 300km de fio de ferro -, subia até o teto do prédio da Bienal e descia até a cabeça degolada do artista criando um verdadeiro desenho escultural. No chão, sobre placas de ferro, imãs e limalha de ferro delineiam um corpo recurvado que se liga à cabeleira conectando chão e teto num único movimento ascensional. Gravitação Magnética reúne na sua monumentalidade elementos que se repetem ao longo da obra de Tunga; o signo do corte, representado pela cabeça degolada já estava presente, transfigurado, em vários de seus trabalhos; mas é a exuberância metálica, potencializada de modo único pelos imãs que manifesta em Gravitação Magnética o inconfundível idioma plástico de Tunga.  

‍Ão é uma instalação fílmica apresentada pela primeira vez em 1981, na 16ª Bienal de São Paulo. Filmado no interior do túnel Dois Irmãos que liga os bairros da Gávea a São Conrado no Rio de Janeiro, Ão foi editado de modo a criar a ilusão de estar num túnel circular, como dentro de um toro, figura da topologia de interesse de Tunga. Na sala de exibição a película do filme perfaz um círculo entrando e saindo de um projetor em um movimento contínuo; na tela o que se vê é também um movimento interminável que percorre incessantemente o interior de um túnel sem saída. O espectador se vê envolto nesses dois movimentos contínuos; o do filme que circula pela sala e o da imagem projetada na tela, tal como se fosse colocado “dentro” de uma escultura visual.  Ão se tornou ao longo dos anos um dos trabalhos mais exibidos de Tunga, tanto no Brasil quanto internacionalmente, tornando-se um verdadeiro “clássico” e hoje está em importantes acervos museológicos como o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.  

‍Paulo Venancio Filho
Curador