Glossário

Entre choros, polcas e maxixes ou burletas e operetas

O Núcleo de Comunicação do Itaú Cultural elaborou um glossário teatral e musical, sobre termos em voga no início do século XX, tempo de Chiquinha. Ele será publicado no hotsite dedicado a esta Ocupação e poderá ser acessado por QrCode na mostra.

Nem todo mundo sabe a diferença entre “burleta”, “opereta” ou “vaudeville”. São termos que foram muito usados no fim do século XIX e início do XX, quando a música e o teatro apresentavam contornos diversos dos atuais. O samba, por exemplo, era diferente do gênero como é conhecido hoje. Eram tempos, ainda, de dançar ao som do maxixe, da polca e o choro estava no início de sua travessia, tendo sido Chiquinha Gonzaga a primeira pianista chorona brasileira.  

Confira abaixo um pequeno glossário com verbetes selecionados pelo Núcleo de Comunicação do Itaú Cultural e assinado pelo crítico e membro da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) José Cetra.

GLOSSÁRIO TEATRAL

Revista

Originalmente chamada revista de fim de ano, imitando a revue de fin d’année francesa, que tinha como objetivo rever/revisitar (daí o nome revista) acontecimentos do ano recém-terminado de forma cômica e musical. Chegou ao Brasil, via Portugal, em meados do século XIV. Com o passar do tempo, o teatro de revista adquiriu outras características.

A estrutura da revista é dividida em:

Prólogo
: Cena que antecede a revista propriamente dita. Normalmente é feita com as cortinas fechadas, em que um mestre de cerimônias (compadre) e/ou uma mestre de cerimônias (comadre) dirige-se diretamente ao público, fazendo comentários sobre o que vai ser apresentado.

Quadros: Diversas cenas independentes que compõem a revista. Os quadros podem ser cômicos, dramáticos, musicais (feéricos).

Números de cortina: São apresentados geralmente por cômicos com as cortinas fechadas, permitindo a troca de cenário para o próximo quadro.

Ato: Uma das divisões do espetáculo teatral. A montagem pode ter ato único ou dois ou mais. Neste caso, cada ato é, normalmente, separado por um intervalo. As revistas geralmente tinham dois atos.

Apoteose: A cena grandiosa, geralmente musical, com a presença de todo o elenco que encerra o primeiro ato e o final (grand finale) do espetáculo.

Peça

Originalmente essa denominação referia-se apenas ao texto; nos dias atuais, é sinônimo de espetáculo, montagem, encenação. É um conjunto cênico que inclui os trabalhos de autor, diretor, elenco, técnicos e produtores.

Burleta

Uma peça cômica e leve com números musicais intercalados. Diferencia-se da revista porque não é estruturada em quadros isolados e conta uma história completa por meio de um fio condutor de enredo.

Vaudeville

Foi criado na França no século XVII para fazer frente à commedia dell’arte. Era um espetáculo cômico intercalado com números musicais, e o nome tem origem em vau de ville (vale do povoado), que posteriormente deu origem à revue de fin d’année. A palavra mais tarde foi usada para definir a comédia de costumes (termo usado até hoje).

Ópera

Espetáculo totalmente musicado surgido na Itália no início do século XVII. A história é criada por um libretista, dando origem ao libreto que será musicado por um compositor. É composta de uma abertura instrumental, cenas cantadas com vários personagens e pelo coro, árias (cantadas por solistas) e intermezzos instrumentais.

Opereta

Significa pequena ópera. Surge no século XIX a partir da ópera cômica francesa. Trata-se de espetáculo com a mesma estrutura da ópera, mas com temas mais leves e engraçados e também com músicas mais suaves, podendo conter partes declamadas (não cantadas).

Libreto

Texto dramático às vezes baseado em um romance que será musicado por um compositor, dando origem à ópera/opereta/revista/burleta. No caso das duas últimas, há textos falados intercalados com aqueles cantados.

Libretista

Autor/a do libreto, normalmente um/a dramaturgo/a.

Peça regional

Espetáculo baseado em costumes (sotaque, comportamento, vestuário) e músicas de várias regiões do país. Exemplo: as peças caipiras que focam usos e costumes do interior de São Paulo.

Teatro São José

Inaugurado em 1881 com o nome Teatro Príncipe Imperial. Localizado na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro, foi ali que em 1885 Chiquinha Gonzaga estreou como maestrina na sua peça A Corte na Roça (libreto de Palhares Ribeiro). O teatro sofreu reformas, mudou várias vezes de nome, adotando Teatro São José em 1903, e foi palco da burleta Forrobodó (libreto de Luís Peixoto e Carlos Bittencourt), que lá estreou em 1912. Voltou a mudar de nome: Cine Theatro São José e, posteriormente, Casa do Caboclo, onde eram apresentadas peças regionais. A partir da década de 1930 funcionou apenas como cinema, sendo demolido na década de 1980, após cem anos de existência.

Teatro São Pedro de Alcântara

Inaugurado em 1813 como Real Teatro São João por iniciativa de D. João VI no Largo do Rossio no Rio de Janeiro (Praça Tiradentes, a partir de 1890). Em 1824, tornou-se Imperial Teatro de São Pedro de Alcântara, em homenagem a D. Pedro I. Sofreu vários incêndios e reformas. A opereta Juriti, de Chiquinha Gonzaga com libreto de Viriato Corrêa, foi apresentada nesse teatro em 1919. Demolido em 1930, surgiu no mesmo espaço o Teatro João Caetano, que também sofreu vários reparos até atingir a atual forma.

GLOSSÁRIO MUSICAL

Lundu

Canção/dança trazida pelos africanos escravizados vindos de Angola e do Congo no final do século XVII. Tinha como objetivo promover o flerte entre as pessoas que participavam das rodas de batuques. Esta vertente é a matriz fundamental da nossa música brasileira, sendo considerado este o gênero que influenciou o samba.

Valsa

Originária da Áustria em meados do século XVIII, a valsa possui três marcações bem definidas, sendo a primeira mais forte e as duas seguintes mais leves e rápidas. No Brasil, a primeira manifestação de valsa de salão deu-se com a vinda da família real portuguesa. Foi um gênero muito popular por aqui e influenciou a criação das modinhas e serestas.

Tango brasileiro

Nasceu de uma fusão entre o lundu, a polca e a habanera (gênero musical e dança criados em Havana, Cuba). Ernesto Nazareth, pianista e compositor brasileiro, adotou a palavra tango para classificar composições que hoje são integradas ao universo do choro. O mesmo termo foi empregado por Chiquinha Gonzaga e vários de seus contemporâneos para “rotular” maxixes. 

Fado

Canção popular portuguesa que, segundo historiadores, se originou no lundu do Brasil colônia. Geralmente é cantado pela/o fadista e acompanhado por uma guitarra clássica.

Polca

Dança em pares, originária da Boêmia (atual província da República Checa) no século XIX, que se difundiu por toda a Europa e foi trazida ao Brasil por descendentes daquela região. A polca apresenta melodia saltitante e tornou-se muito popular aqui no país, ganhando os teatros e as ruas.

Maxixe

Primeira manifestação com características rítmicas específicas do Brasil. Dançada a um ritmo rápido, notam-se influências do lundu, das polcas e das habaneras. O maxixe também é chamado de tango brasileiro. Chiquinha Gonzaga compôs alguns sucessos deste gênero musical, a exemplo de “Lição de maxixe” e “Corta-jaca”, que, por meio de sua letra, é a que mais revela a magia do ritmo e a disfarça da sensualidade por trás dos movimentos.

Choro

Carinhosamente chamado de chorinho, surgiu no Rio de Janeiro em meados do século XIX. Os primeiros grupos eram formados por flauta, violão e cavaquinho, e posteriormente outros instrumentos foram sendo agregados. A improvisação é condição básica deste gênero e justamente por isso o choro não dispensa o uso de modulações imprevistas, com a intenção de colocar à prova o virtuosismo dos chorões e choronas.

Samba

Tipicamente brasileiro, o samba tem origem nos antigos batuques trazidos ao Brasil pelos africanos escravizados no período colonial. A harmonia musical é feita pelos instrumentos de corda, como o cavaquinho e o violão. Já o ritmo é dado pelo surdo ou pelo pandeiro. Com o passar do tempo, outros instrumentos foram sendo agregados a este brasileiríssimo gênero musical.

Quadrilha

Dança de salão popular na Europa que chegou ao Brasil no começo do século XIX. A popularização por aqui fez com que sua execução em cinco partes ganhasse comandos inesperados e grande duração; esses comandos eram gritados pelo chamado “marcante”, muitas vezes com repetições.

Marcha carnavalesca

Também conhecida como marchinha, é uma música de compasso binário, com marcação acentuada do tempo para animar os foliões dos blocos de rua e dos cordões de salão, que literalmente marcham ao acompanhar o ritmo da música. Chiquinha Gonzaga compôs a primeira marcha feita especialmente para o Carnaval: “Ó abre alas”.

Estes verbetes foram produzidos pelo crítico de teatro José Cetra especialmente para o hotsite do Itaú Cultural sobre a Ocupação Chiquinha Gonzaga em www.itaucultural.org

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OCUPAÇÃO

Chiquinha Gonzaga

De 24/02 a 23/05 de 2021

Funcionamento: terças-feiras a sextas-feiras, em horários sob consulta para agendamento (obrigatório) das visitas, que deve ser feito pelo link sympla.com.br/agendamentoic 

Abertura da agenda: todas as segundas-feiras, a partir das 9h, seguindo por toda a semana, com o agendamento sujeito à lotação dos grupos. Caso o visitante queira ver uma segunda mostra no mesmo dia, deve verificar a possibilidade de novo agendamento. 

Permanência do público: 50 minutos em cada exposição. Trata-se de uma limitação de tempo máximo no espaço, que considera os protocolos de periodicidade de limpeza para cada ambiente.

Ingressos: gratuitos 

Informações: pelo telefone (11) 2168-1777
Atualmente, esse número funciona de segunda-feira a sexta-feira, das 10h às 18h, sábados, domingos e feriados das 11h às 16h
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