InstiTucional

Trama de diálogos tecida pela menina dos olhos de Oyá

Abrem-se aqui a roda e o coração para quem, há muito, encanta versos e caminhos: Maria Bethânia. A bordadeira da canção popular brasileira ganha uma homenagem na 62^a edição do programa Ocupação Itaú Cultural, que, tecendo um tempo expandido, apresenta eixos constitutivos da trajetória da artista, do delicado essencial da palavra poética ao silêncio fundador da natureza. Constrói-se uma celebração íntima e coletiva, feita de alegria e coragem. Um festejo que é lindo, é vasto, vai durar – como ela.

Filha de Dona Canô e Seu Zezinho, da terra de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, e do ano de 1946, Maria Bethânia Vianna Telles Velloso, há seis décadas, dedica-se à cultura, cantando aquilo em que acredita, exímia no compromisso de costurar seu repertório com dramaturgia e emoção. Dona do próprio dom, pessoa de fé tamanha, criadora responsável e exigente, a menina dos olhos de Oyá sente o mundo com intensidade e cuidado. E convida o público a sentir também.

Público, aliás, que se renova, amplia e, nesta exposição, entra em uma trama de diálogos cujo centro corresponde à intérprete amada. Com curadoria de Bia Lessa e da equipe do Itaú Cultural (IC), o projeto conta com dois andares. O primeiro traz uma seleção de fotos, acompanhadas de excertos de literatura em língua portuguesa e trechos do cancioneiro nacional, vida e ofício sempre em fusão. Já no segundo piso, exibe-se uma narrativa audiovisual de conversas simbólicas entre Bethânia e outros nomes.

Além do espaço expositivo, a Ocupação Maria Bethânia está no site itaucultural.org.br/ocupação, no qual se encontra um conteúdo exclusivo, e nas redes sociais da organização. Em todos esses lugares, físico ou on-line, tem-se o choque, a válvula, o espasmo produzidos pela voz que tanto nos diz. Comemoremos as faíscas que ela, Maria Bethânia da nossa gente, gera no palco e fora dele.