Editorial

Publicação atesta a relevância dos estudos iniciados por Freire e estendidos a outras áreas de expressão

Dentro do projeto Ocupação Paulo Freire, entre outras ações, o Itaú Cultural produziu uma publicação que conta com convidados representantes de áreas como saúde, segurança, música, teatro, fotografia e arquitetura para contar como têm relacionado o seu trabalho aos saberes apreendidos de Freire. Segue, aqui, o texto editorial.  

“Quero dizer que não sou mágico, que este método possui fundamentos e a experiência já nos mostrou que é eficiente.” Esse é o início de um dos principais documentos da primeira experiência de alfabetização em massa de jovens e adultos da educação brasileira. No município de Angicos, no Rio Grande do Norte, em 1963, Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997) capitaneou uma equipe de professores e monitores que tinha um objetivo audacioso num país submerso em míseros dados educacionais: alfabetizar a população adulta em cerca de 40 horas e com baixos custos por aluno.  

O método desenvolvido pelo filósofo, escritor e educador pernambucano ensinou a leitura da palavra escrita – e, assim, a possibilidade da leitura do mundo – para 300 pessoas, que passaram a ter o direito ao voto e a consciência de seu papel no universo rotineiro do trabalho. A vivência, iniciada com um movimento porta a porta, terminou por inspirar o Plano Nacional de Alfabetização – que ficou apenas no papel após o golpe militar de 1964 –, além, é claro, de causar um grande alvoroço na cidadezinha localizada no sertão do estado.  

A célebre empreitada, hoje conhecida e reverenciada mundialmente, só se tornou possível por certa combinação de fatores em determinado contexto. E demarcar esse cenário é crucial para iniciar-se na compreensão dos estudos traçados por Paulo Freire. Deixando uma “cultura de biblioteca”, em definição própria, para “combater o analfabetismo”, um resultado concreto, Paulo caminhou por conceitos como pluralidade, transcendência, diálogo, humildade, trabalho e amor, entre tantos outros, procurando “crescer e permutar” com o humano. “A se relaciona com B, portanto ambos se simpatizam na busca de algo. A humildade consiste em não hipertrofiar nada nesta busca.”  

Assim, celebrar o centenário de um homem que percorreu mais de 30 países, coordenou projetos de alfabetização longe de sua terra natal – mas sempre envolto em dada “nordestinidade” –, escreveu mais de três dezenas de obras e foi traduzido em mais de 20 idiomas é tarefa premente e inesgotável. A cada ano, tem-se notícias de Paulo Freire em novas esquinas do mundo, ainda que, por outro lado, falte tanto de sua filosofia em nossas salas de aula.  

Ontologicamente criador, Paulo Freire pediu, correspondendo à sua definição do humano, para nunca ser seguido, e sim reinventado. Portanto, buscando atestar – será que ele valorizaria esse empenho? – a atualidade e a relevância dos campos de estudos iniciados pelo autor, convidamos representantes de diferentes áreas de conhecimento e expressão para contar, nesta publicação, como têm relacionado o seu trabalho aos saberes apreendidos de Paulo Freire, numa prática que leve sempre à liberdade, marcando o mundo e sendo marcados por ele.  

Além desta publicação, que também reúne as reverberações do educador em outros países, a Ocupação Paulo Freire, produzida integralmente durante a pandemia de covid-19, apresenta uma série de conteúdos on-line, no desejo de ampliar o mergulho na vida e na vasta obra de nosso 53º homenageado. O projeto Ocupação, criado há 12 anos, celebra artistas essenciais que fazem parte da arte e da cultura brasileiras e já percorreu trajetórias de nomes como Antonio Candido, Conceição Evaristo, Haroldo de Campos, Hilda Hilst, Lydia Hortélio, Manoel de Barros, Mário de Andrade, Nelson Rodrigues e Nise da Silveira, entre tantos outros. Saiba mais em itaucultural.org.br/ocupação

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