RELEASE

Ocupação do Itaú Cultural apresenta Gregori Warchavchik, revolucionário da arquitetura e criador da primeira casa modernista em São Paulo


Quando publicou um manifesto rompendo com a arquitetura eclética paulistana, fazia quatro anos que o imigrante judeu ucraniano havia chegado ao Brasil, depois de trabalhar para o arquiteto neoclássico Marcelo Piacentini, na Itália. Um par de anos depois, ele construiu a primeira casa moderna brasileira, no bairro Vila Mariana. A nova mostra da série Ocupação, abre no dia 27, no Piso Térreo do instituto, como é tradição, e apresenta a trajetória deste arquiteto. Um recorte da mostra se estende até a Vila Mariana para ser exibido no Museu Lasar Segall, outra casa projetada por ele.

 

Abre no dia 27 de abril e fica em cartaz até 23 de junho, a Ocupação Gregori Warchavchik,
44ª exposição desta série no Itaú Cultural. Ela leva o visitante à São Paulo dos anos 30, tempo em que se respirava outros ares, a cidade não chegava a somar um milhão de habitantes e ingressava definitivamente no modernismo – não somente o preconizado pela Semana de Arte Moderna, de 1922, como também na arquitetura, pelas mãos do nesta mostra homenageado.  A curadoria é dos núcleos de Artes Visuais e de Enciclopédia, do instituto, com cocuradoria de Silvia Prado Segall e projeto expográfico de Juliana Prado Godoy.

Entre 1927 e 1928, o arquiteto projetou e construiu para viver aquela que foi considerada a primeira casa moderna do país, na rua Santa Cruz no bairro Vila Mariana. Pertinho dali, na rua Berta, ele ergueu a residência, também modernista, do célebre pintor e escultor modernista Lasar Segall. Hoje transformada no Museu Lasar Segall, ela abriga parte da Ocupação Gregori Warchavchik em uma parceria entre as duas instituições.

No Itaú Cultural, o visitante conhece a trajetória profissional e a obra do arquiteto reconhecido pelo jornal O Globo da época como “revolucionário de moradias”, e se aproxima do movimento modernista em que ele circulava em São Paulo – entre intelectuais e artistas como Mario e Oswald de Andrade, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Lasar Segall. A exposição apresenta projetos, fotos, audiovisuais atuais e da época, artigos, recortes de jornais e material de pesquisa.

O público revê, em fotografias, projetos e desenhos, casas construídas por ele – hoje desfiguradas ou já inexistentes – e prédios ainda em pé, uns conservados, outros não, que passam despercebidos por quem desconhece a obra do arquiteto. Depoimentos gravados em audiovisual de outros profissionais da arquitetura, como Aracy Amaral, embalam e contextualizam o período e a produção de Warchavchik.

Em outro percurso da mostra, no Museu Lasar Segall estão expostas referências mais intimistas sobre o arquiteto, traçando a conexão das famílias Klabin, Segall e Warchavchik, sua paixão pela fotografia e uma representação de um ambiente modernista, semelhante àqueles em que eles conviviam. Também modernista e igualmente imigrante judeu – este, lituano –, o pintor, escultor e gravurista Lasar Segall foi amigo e concunhado de Warchavchik – o artista era casado com Jenny Klabin Segall e o arquiteto casou-se com a paisagista e cantora lírica Mina, irmã dela.

 

Projetos variados

Como se vê no Itaú Cultural, Warchavchik produziu muito mais do que a casa da Santa Cruz e a da Rua Berta. Tem moradias e prédios dele em São Paulo, no Guarujá e no Rio de Janeiro. Levam a sua assinatura, ainda, a sede do Clube Atlético Paulistano, o ginásio do Clube Hebraica e o salão de festas do Pinheiros, que com o primeiro alargamento da avenida Faria Lima, nos anos 60, teve o projeto original descaracterizado com a demolição das rampas que davam acesso ao edifício.

Se a casa da Berta se tornou museu, a da Santa Cruz se tornou Parque da Casa Modernista. Neste caso, graças à resistência dos moradores contra a especulação imobiliária. Em 1983, eles se uniram e fundaram a Associação Pró-Parque Modernista (APPM) para impedir a venda da área a uma construtora, que ergueria um conjunto residencial de alto padrão no espaço. O próprio Museu Lasar Segall tomou parte ativa no movimento, organizando manifestações e colocando em cartaz uma exposição sobre o tema. O esforço da comunidade resultou no tombamento do espaço e na administração do parque pela APPM até 1994, quando as atividades cessaram e a área ficou fechada à visitação. Ele reabriu em agosto de 2004, e volta a haver um esforço da sociedade civil para recuperar a residência e seu jardim em alto estado de degradação.

É dele, também, a residência da rua Itápolis, em Higienópolis, construída em 1930 e considerada uma evolução do arquiteto no estilo modernista em relação à da Santa Cruz. Ela foi inaugurada com a Exposição de uma casa modernista, uma representação física do manifesto contra a arquitetura eclética que se praticava na cidade, publicado no jornal Correio da Manhã pelo arquiteto em 1925. Foi a maior reunião de artistas e intelectuais ligados ao modernismo brasileiro desde a Semana de 1922, expôs obras de pintores como Anita Malfatti, Lasar Segall e Tarsila do Amaral e teve 20 mil visitantes. Hoje, tombada como patrimônio histórico e artístico, é residência de seu neto, Carlos Eduardo Warchavchik.

Fotografias e projetos destas casas e das áreas interna e externa da residência Luiz da Silva Prado, construída no mesmo ano à rua Bahia, também em Higienópolis, evidenciam o estilo Warchavchik de ser. Por exemplo, os cubos de cimento armado e tijolos de vidro, que ladeavam o portão de entrada e auxiliavam a iluminação. O jardim desta casa, em três patamares e padrão geométrico, foi realizado por Mina Klabin, mulher de Warchavchik, e que, segundo o próprio paisagista, inspirou Roberto Burle Marx.

Outra obra vista na exposição e que também ainda existe, no bairro Campos Elíseos, é a do Edifício Barão de Limeira, construído em 1939. Essa obra ganhou forte destaque internacional aparecendo em 1943, na exposição Brazil Builds do MoMA, em Nova York. Foi vencedora, também, de concurso criado por Prestes Maia para premiar a fachada dos prédios construídos na cidade entre 39 e 40 na categoria Edifício de Apartamentos.

Não teve a mesma sorte a residência de William Nordschild, primeira casa modernista do Rio de Janeiro, igualmente assinada por este arquiteto e hoje destruída. Na mostra se vê imagens da fachada e detalhamento do terceiro pavimento desta casa construída em 1931. Encontra-se também, o projeto e detalhamentos. O público fica sabendo, também, que, depois desta inauguração, veio a formação da sociedade de construção Warchavchik & Lúcio Costa, no qual Oscar Niemeyer e Burle Marx foram estagiários.

 

Atividades paralelas à mostra

Neste mês, o Brechas Urbanas, debate que o Itaú Cultural promove mensalmente para debater como a arte interfere na construção da cidade, acontece no dia 24 (quarta-feira), às 20h, e dialoga com a Ocupação Gregori Warchavchik, que abrirá no Itaú Cultural três dias depois. A conversa com a doutora em ciências sociais pela Unicamp, Adriana Capuano, e a refugiada política colombiana, Daniela Solano, com o público é sobre as contribuições dos imigrantes na construção das cidades pelo viés da cultura.

Aos sábados, 11, 18 e 25 de maio, o Núcleo de Educação Cultural, promoverá no piso -1 a oficina Você é o arquiteto onde o público aprenderá a criar e montar projetos, desenhos e objetos com arquitetura modernista. Elas serão realizadas sempre às 11h30, para um total de 20 pessoas, que devem se inscrever 30 minutos antes do início.

 

 

 

 

 

< início

Ocupação Gregori Warchavchik

De 27 de abril a 23 de junho

 

No Itaú Cultural

Terças-feiras a sextas-feiras, das 9h às 20h
(permanência até as 20h30)

Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h

Piso térreo

Classificação indicativa: Livre

Entrada gratuita

Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô

Fones: 11. 2168-1777

Acesso para pessoas com deficiência

Ar condicionado

Estacionamento: Entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108

Se o visitante carimbar o tíquete na recepção do Itaú Cultural:

3 horas: R$ 7; 4 horas: R$ 9; 5 a 12 horas: R$ 10.

Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.

     

 

 

No Museu Lasar Segall

Quartas-feiras a segundas-feiras, 11h às 19h

Classificação indicativa: Livre

Entrada gratuita

Rua Berta, 111

Fone: 11. 2168-1777

Café | Wi-Fi | Fraldário | Bicicletário

Ar condicionado

 

Realização:

Assessoria de Imprensa: Conteúdo Comunicação

Fone:  +55 11 5056-9800

 

 

No Itaú Cultural:

Fone: 11.2168-1950

Carina Bordalo (programa Rumos)

Fone: 11.2168-1906