Artistas

Mostra coletiva com obras de matizes diversos

Exposição é pensada de maneira plural na qual os três pisos do espaço expositivo, embora independentes, costuram conexões e diálogos. Profissionais da moda se mesclam sem hierarquias. Quatro das obras foram feitas especialmente para esta mostra e outras seis nunca foram expostas no Brasil. Acompanhe aqui a lista de artistas e alguns de seus projetos

ANCESTRALIDADES

Piso 1

Alberto Pitta (BA)

Oxalá usa ekodidé – Cortejo Afro, 2022
Há mais de quatro décadas, Alberto Pitta dedica-se à estamparia têxtil e à serigrafia. Para ele, a arte é um diálogo com as festas populares, e, entre os seus trabalhos mais conhecidos, estão estamparias para o Olodum, o Filhos de Gandhy e o seu próprio bloco, Cortejo Afro.

“Minha arte enriquece a cultura e celebra as tradições que valorizo. Incorporo signos, formas e traçados que evocam elementos tradicionais africanos e afrodiaspóricos, especialmente aqueles que vêm da mitologia iorubá, tão presente em Salvador e no Recôncavo baiano.”

Alexandre Heberte (CE)

Roupas para não vestir, 2018
De Juazeiro do Norte (CE), Alexandre Heberte é artista, professor, tecelão e performer, com experiência nas áreas de tecelagem e educação.

“Esta série mostra tecidos tramados no tear de pente liço. A tecelagem usa o ponto tela, ou tafetá, e o nó ancestral, que denominamos de nó caseado. Quando a roupa está no corpo, ela é tridimensional; quando está na gaveta, volta a ser bidimensional. A pesquisa dos objetos têxteis cria sólidos flexíveis, tecidos com corpo próprio que descobrem, na relação com o outro, a que se destinam.”

Anne Anicet | Atelier Contextura (RS)

Connection, 2024
Artista plástica e designer de moda, Anne Anicet, nascida em Porto Alegre (RS), é sócia da Atelier Contextura, empresa de arte, moda e texturas sustentáveis.

“Em 2024, minha cidade e meu estado passaram pela maior catástrofe ambiental de suas histórias. Ainda estamos nos reconstruindo, encontrando forças para nos reerguer. Esta obra é inspirada numa árvore, porque dizem que, para se conectar com a natureza, é preciso abraçar uma árvore. Aqui, as pessoas podem vestir galhos e raízes e abraçar a natureza, levantando as mãos ao céu como numa oração.”

Carol Barreto (BA)

Retrato de família, 2021

De Santo Amaro (BA), Carol Barreto é negra, nordestina, candomblecista, artista, professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e criadora do coletivo Modativismo, ateliê e escola de moda afro-brasileira.  

“Na obra, familiares de várias gerações estão na Praia de Itapema. As fotografias abordam a resistência das famílias pretas do Recôncavo Baiano e foram feitas com o fotógrafo Roque Boa Morte. Há também peças da Coleção Asè (2016). A moldura, feita com bico de renda pelas rendeiras de Saubara (BA), ornou a roupa da minha confirmação como Iyarogbá de Oxalá no Ilê Axé Òfurufú Orun. A almofada de renda de bilro é o traçado de uma história que desenha o futuro como parte da valorização do passado, da nossa origem e ancestralidade.”

Ekedy Sinha |Terreiro da Casa Branca (BA)

Asò Orisà, 2024
Ekedy Sinha nasceu em Salvador (BA), em 1945, dentro do Terreiro Casa Branca. Iniciada aos sete anos, tem desenvolvido um trabalho que envolve fé e ancestralidade. Em 2016, lançou o livro Equede – A mãe de todos.  

Asò Orisà é roupa de Iyalorixá na nação Ketu (sacerdotisa de matriz africana de origem Iorubá) e retrata a indumentária usada por uma mãe de santo, uma das mais importantes expressões de religiosidade no candomblé. Feita em tecido branco com bordados em richelieu, reflete a estética ancestral da Casa Branca. O conjunto inclui ojá ori (pano de cabeça), bata, camisu, pano da costa, atakan, anágua, saia e calçolão, joias e chinelas.

Goya Lopes (BA)

Dia e noite, 2022
Tecendo o destino,
2022
Teares,
2022
Negra e nordestina, Goya Lopes é artista visual, designer de superfície e de moda, empreendedora, professora, ilustradora e escritora.  

Com as marcas Didara e Goya Lopes Design Brasileiro, faz exposições no Brasil e no exterior com o objetivo de divulgar a cultura afro-brasileira na moda.  

“Pesquisei o que já estava na minha ancestralidade. Entrei conscientemente numa interseção com o design, o que enriqueceu minha arte. Realizei o sonho do pioneirismo na moda afro-brasileira com arte, com padrão de estética alto.”

Irekran Kaiapó (PA)

Saia - Mêjn kradjê, s/d
Pulseira - Mê ýnay kam ágâ, s/d
Bracelete - Mepádjê, s/d
Adorno - Áyn, s/d
Colar - Meôkrédjê, s/d
Tornozeleira - Prýn-ká, s/d
Adorno de antebraço - Meyn-ý ou Meýnaý kam pýn ká, s/d  
Irekran Kaiapó nasceu e cresceu na aldeia kubêkrãkej, sul do Pará, detentora da cultura mênbêgôkré, repassada por sua mãe, tias e avós.  

“A forma de ensino do povo Kaiapó é diferente. Aprendemos observando e reproduzindo, tendo noção de espaços no corpo quando nos pintamos, noção de cada traçado e enfeite. Tudo isso aprendemos olhando e depois reproduzimos em brincadeiras. Hoje tenho toda essa tradição mantida, isso sou eu, é parte de mim. As obras vêm da tradição, para passar à nova geração a continuidade Kaiapó.”

Juliana Fonseca (BA)

Corpo vazio, 2024
Nascida no recôncavo baiano, Juliana Fonseca viveu cercada pelas cores, texturas e histórias que moldaram sua vida e sua visão artística. “Meu trabalho é uma tentativa de materializar sentimentos e memórias.”

A peça aqui exposta nasceu de questionamentos dos nossos corpos, como forma de comunicar e sentir o corpo preenchido. “Através desse questionamento comecei a criar o meu corpo vazio. Uma obra construída com cordas, fios e barro.”

Karlla Girotto (SP)

A terra é a pele da Terra, 2024
Karlla Girotto é artista, professora, curadora e escritora, atuando com performance, texto, arte têxtil, instalação, vídeo, fotografia e criação de processos coletivos de experimentação com artistas.

“Trabalho pelas relações que se instauram nos processos de invenção – imaginativos, mágicos, artísticos, políticos, cósmicos, curatoriais –, elaborando a minha presença no mundo em relação com as memórias e o campo das forças. A escuta clínica e a dimensão clínica da arte ancoram os meus fazeres e processos.”

Peças feitas com meias-calças de náilon de mulheres da família materna de Karlla Girotto. No começo dos anos 1960, quando chegou a São Paulo vinda do Rio Grande do Norte, sua bisavó Ritinha recolhia as meias rasgadas da família e fazia recheios de almofadas e edredons.

“Criança, descobri que as almofadas de minha avó Maria, filha de Ritinha, eram recheadas com meias lindas, muitas cores imitando tons de peles diversos. Algumas dessas almofadas ficaram comigo até 2003, quando as meias se transformaram nas duas peças do desfile O duplo.”

Naya Violeta (GO)

Cerrado Kalunga, 2024
Capa Boiadeiro protegido, 2024
Naya Violeta, nascida em Goianira (GO), cria uma moda afrocentrada. Sua marca, que leva seu nome, foi a primeira marca goiana a estar na São Paulo Fashion Week (SPFW).

“Nas celebrações de Folia de Reis, uma tradição familiar, fui encantada pelas cores e pelos movimentos, que moldaram meu olhar para uma moda enraizada em afetos e ancestralidade.” Esta obra se divide em duas partes: uma bandeira, que estabelece uma conexão entre dois territórios quilombolas, em Cavalcante e Cidade de Goiás; e a reconstrução da capa de boiadeiro em náilon corta-vento e algodão, com bordado de cerâmica e pedras miúdas.

Silvana Mendes (MA)

Série Frestas III, 2024
Silvana Mendes cresceu na periferia de São Luís (MA). Desde 2015, trabalha com fotografia e suas ramificações, mas o interesse por esse mundo vem desde a infância.

“Percebi que as narrativas visuais eram sempre sobre ‘escravizados’ sem identidade. Essas ausências me encorajaram, pois passei a procurar por mim mesma. Meu trabalho começa na busca do porquê dessa invisibilidade.”

O conceito de frestas vem das imagens clássicas cheias de brechas históricas, que, se ressignificadas com a presença negra, criticam a hegemonia visual eurocêntrica e criam imaginários.

Uýra Sodoma (AM)

LAMA, 2017  
Indígena em diáspora habitante de Manaus (AM), Uýra Sodoma é bióloga, mestra em Ecologia da Amazônia, artista visual e arte-educadora. Já participou de mais de 50 exposições coletivas, nacionais e internacionais, e apresentou cinco individuais, em lugares como o Museu de Arte Moderna do Rio e o Currier Museum of Art (EUA).

Uýra usa o corpo para narrar histórias de diferentes naturezas via fotoperformance, performance e instalações. A partir da diversidade, dissidência, funcionamento e adaptação, (re)conta sobre encantarias e diásporas existentes na paisagem floresta-cidade.

MAIS ARTISTAS NESTE PISO:

• Aline Motta (SP)  
• Angela Brito (RJ)  
• Bordadeiras do Curtume do Vale do Jequitinhonha (MG)  
• Fernanda Yamamoto (SP) + Comunidade Yuba (SP)  
• Igi Lọ́lá Ayedun (SP)
• Isa Silva (SP)  
• Leda Maria Martins (MG)  
• Leticia Cortes (SP)  
• Lino Villaventura (SP)
• Nádia Taquary (BA)
• Mestre Didi (BA)
• Associação de Artesãos de Saubara - Casa das Rendeiras (BA)
• Rosana Paulino (SP)
• Sônia Gomes (SP)  

CONTEMPORANEIDADES

Piso -1

Dayana Molina | Nalimo (SP)

Memória é resistência: Sertão é dentro da gente (2024)
“A moda é expressão de afeto e memória, que começa com o legado de minha bisavó, passa para minha avó e chega a mim. A costura está em minhas entranhas. Em resposta ao etnocídio indígena, costuro um lugar de cura. Através dos símbolos, palavras e técnicas faço da moda uma ação política, que fala sobre minha gente e a força da parentela a qual pertenço.”

Esta peça é da coleção Capibaribe - da cidade ao sertão e conta sobre a origem de pessoas indígenas do sertão pernambucano. Os selos simbolizam o trânsito entre capitais, como Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Os espaçamentos retangulares entre os recortes de tecido em preto e branco falam de janelas para o mundo. Os retratos são símbolos de memória e afetividade.

Fause Haten (SP)

Máscara branca, 2016
“Por mais de 50 anos, minha mãe guardou seu vestido de noiva. Após sua partida, passei a guardá-lo, sem saber o que fazer. Assim são as roupas com mais valor afetivo, ficam guardadas ad infinitum. Sendo este o meu ofício, penso em como dar uma vida nova a essas peças com riqueza de manufatura.

Esta máscara foi a primeira que fiz, em 2016, de uma camisa do desfile Marrocos, de 2007, que estava guardada no meu acervo. Liberta do armário, virou uma nova obra, que se sobrepôs à obra inicial em uma nova camada.”

Jal Vieira (SP)

Viga (2024)
Jal Vieira, 35 anos, atua na moda desde os 20. Em 2019, passou a integrar a Casa de Criadores. Em 2020, foi a primeira brasileira a assinar uma coleção para a Marvel, com o tema “Mulheres de Wakanda”. Também para a Marvel, direcionou artistas negros brasileiros a desenvolverem releituras de heróis negros. Atualmente, é coordenadora no Senac Lapa Faustolo.

Viga vem de uma pesquisa sobre o afrossurrealismo. Os guizos são usados não apenas como amuleto deste corpo, mas como um corpo anunciando presença antes mesmo da chegada. Porque nada neste território existe sem que tenha sido erguido por uma mão negra.

Jorge Feitosa (PE)

Objeto modular vestível SULANCA, 2021
Com seis anos de idade, Jorge Feitosa já mexia na máquina de costura, construindo brincadeiras. Esse foi o ponto de partida de sua investigação sobre criação, materiais e processos, elementos fundamentais no desenvolvimento das histórias contadas por ele.

Nordestino de Santa Cruz do Capibaribe (PE), ele desenvolve o conceito de “sulanca”. A obra, fruto de uma ação coletiva ocorrida em uma oficina, é constituída de módulos em formato de almofadas, com aplicação de zíperes destacáveis nas bordas, o que possibilita diferentes configurações de uma (possível) peça – objeto modular vestível – a partir da variação das conexões propostas. Cada participante da oficina confeccionou, com retalhos e sobras de tecido, um desses módulos.

Leandro Castro (SP)

Estandarte explosão, 2023
Leandro Castro é estilista e artista com formação e pesquisa acadêmica interdisciplinares.

“Das bordas de São Paulo e à beira do fim do mundo, crio os fluxos do meu trabalho autoral a partir de resíduos têxteis. Acredito que a moda pode transfigurar nossas corporeidades e permitir novas formas e modos de vida.”

A peça em exposição foi realizada por processos híbridos de modelagem bi e tridimensional, a partir das anatomias físicas de explosões e da utilização de resíduos têxteis automotivos.

Márcia Ganem (BA)

Vestido citrino Pele de Oxum (2003)
Vestido Amuleto de Xede (2014)
Designer e gestora social, Marcia Ganem é detentora da patente de uso da fibra de poliamida na moda nos Estados Unidos, Brasil e alguns países europeus. Preside o Instituto Casa de Castro Alves, que promove trabalhos junto a comunidades tradicionais.

O vestido citrino Pele de Oxum faz parte da coleção Joias de vestir, com peças em gemas lapidadas (citrinos, ametistas, safiras, topázio azul, tecidas através de uma técnica criada pela designer, a trama de nó).

O vestido Amuleto de Xede foi feito à mão, começando com a confecção das rendas de bilro pelas rendeiras de Saubara, no Recôncavo baiano. As rendas foram unidas por uma trama de nó feita com pérolas de água doce, em um trabalho conduzido por Marcia Ganem, que moldou a peça diretamente sobre o manequim.

Fábio Costa | Not Equal (MG)

Poéticas agenders afrofuturistas, 2024
Mineiro, Fábio Costa foi criado pela avó costureira. “Passei 12 anos em Nova Iorque, fui finalista de reality, trabalhei em grandes casas de moda e em um ateliê que faz figurinos para a Broadway. Em 2013, formei a NotEqual, mas a vontade era de voltar pra casa.”

Costa usou inteligência artificial para criar uma África nunca colonizada, mas a limitação da tecnologia gerou um resultado em que tons se repetiam, corporeidades não eram múltiplas e as roupas não tinham ergonomia. No final, calça e bota foram fundidas em uma só. Com a necessidade climática, o casaco leve recebeu costuras de matelassê e foi preenchido com fibra, mudando sua usabilidade para um casaco de inverno.

Silla Maria Filgueira (BA)

Buquê, 2024/2025
Silla Maria Filgueira é estilista e modelista. Mulher transgênero nascida em Caldas de Cipó (BA), ela desenvolve um trabalho com costureiras e bordadeiras de sua comunidade, gerando renda para esse grupo de mulheres que perderam o emprego na pandemia.

“A peça aqui apresentada foi inspirada em uma traição. O perfume é dos anos 1950/1960, e explico, por meio de algumas roupas, que amar é estar preso por vontade. Quero fazer moda com essência e, mais do que roupas, criar afeto e abraços em cada peça.”

Sioduhi (AM)

Ovos de cobra, 2023
Sioduhi, pequeno Piratapuya, aquele que carrega o espírito do músico milenar Baiá, nasceu na comunidade indígena Mariwá, às margens do Uaupés, afluente do Rio Negro, no Amazonas. Por meio da moda, conta histórias vivas que ouviu quando era criança.

A peça aqui apresentada foi desenvolvida em São Gabriel da Cachoeira (AM) com a Associação das Artesãs Indígenas (Assai), formada por mais de 15 mulheres. O vestido foi feito com aplicação de novelos de tucum e tingido naturalmente, com corante têxtil à base de mandioca.

Vittor Sinistra (SP)

Veneno, 2024
Vittor Sinistra traz a loucura para as suas criações porque ela sempre o acompanhou em sua trajetória, seja na época em que trabalhou na área de saúde mental do Sistema Único de Saúde (SUS), seja na ousadia de acreditar que um garoto LGBTQIAPN+ de Ceilândia (DF) poderia ter uma carreira na moda.

Seu trabalho com moda e arte o ajudou a processar as experiências com saúde mental que ainda ecoam em sua cabeça. Os “monstros” que o atormentavam se tornaram objeto de investigação quando, em vez de fugir, ele resolveu encará-los, entendê-los e abraçá-los.  

MAIS ARTISTAS NESTE PISO:

• Adriana Meira (BA)  
• Alexandre Herchcovitch (SP)  
• Coletivo Coletores (SP)  
• Dudu Bertholini e Rita Comparato | Neon (SP)
• João Pimenta (SP)  
• Lab Fantasma (SP)  
• Luiz Claudio Silva | Apto 03 (SP/MG)  
• Mônica Anjos (BA/SP)  
• Rober Dognani (SP)  
• Vicenta Perrotta com Randolpho Lamonier [MASP Renner] (SP)  
• Walter Rodrigues (SP)

FAZERES CONTÍNUOS

Piso -2

Alexandre dos Anjos (SP)

Altar das bolsas de mandinga, 2024
De Taboão da Serra (SP), Alexandre dos Anjos é artista visual, pesquisador, figurinista, estilista e curador. Trabalha com pintura e processos têxteis que incluem bordados e costuras. Sua pesquisa enfoca o corpo preto e a espiritualidade, relacionando resistência, Carnaval e indumentária com a preparação para a luta, para a festa e para o ritual.

“As máscaras transmitem o meu poder de portar magia. O HD externo da cabeça, uma nuvem de arquivos, a ressignificação de temas. Os objetos vestíveis deixam de ser efêmeros e ganham valores impagáveis.”

Cllaudia Soares (BA)

Corpus - Reciclar e vestir (2024)
Cllaudia Soares nasceu em Salvador (BA) e é uma designer de moda que se dedica às “manualidades” artesanais, às artes visuais, à academia e às tecnologias digitais.

As peças da obra surgiram de resíduos que seriam descartados como “lixo”. Após o tratamento dos resíduos descartados, eles se transformam em “tecido” para a criação de roupas. “Me sinto muito confortável ao manipular texturas e cores a partir de matéria-prima não convencional. Como especialista em modelagem plana/tridimensional, constatei a viabilidade da construção de objetos vestíveis com plástico. O planeta agradece as pequenas ações que podem fazer a diferença.”

Dani Guirra (RJ)

Panometal, 2024
Quase duas décadas no mercado da moda forjaram Dani Guirra até aqui. Entre o chão de fábrica, a universidade, os escritórios e os ateliês, uma enorme lacuna a convocou a criar algo com que se identificasse.

“Nos últimos oito anos me dediquei a estudar os metais (latão, cobre e alpaca) a partir de saberes negros e indígenas nas Américas. E não seriam esses os fundamentos da minha família com origem em Mato Grosso?”

Panometal é uma intersecção entre joalheria e arte têxtil que faz referência a ofícios africanos difundidos na diáspora.

Dete Lima - Terreiro Ilê Aiyê (BA)

Deusa do Ébano, 2024
Nascida no Curuzu, Salvador (BA), Dete Lima é estilista e artista visual, responsável pela estética do bloco Ilê Aiyê, homenageado no programa Ocupação em 2018. Desde a infância, imersa no terreiro de sua mãe, Mãe Hilda Jitolu, desenvolveu um olhar único para a beleza negra, inspirando-se na ancestralidade africana e nas tradições do candomblé.

Deusa do Ébano nasce dessa conexão profunda com o Ilê Aiyê, para o qual ela cria as amarrações do corpo e da cabeça das Deusas do Ébano, participantes do concurso Noite da Beleza Negra, inspirando-se nas vestimentas tradicionais dos Voduns, divindades do candomblé.

Ellias Kaleb (SP)

Lembrança 1984, 2024
Ellias Kaleb nasceu em Rio Formoso (PE) e se apresenta como “um estilista preto, entusiasta das construções de costura experimentais que buscam dar forma às emoções.”

“Sempre observei o mundo por um prisma sensível, tentando desvendar o que está escondido por trás do véu da existência. As cartas trocadas por meus pais antes do meu nascimento e os bordados feitos por minha mãe são o elo da elaboração desta peça Lembrança, uma maneira de dar forma aos sentimentos através das costuras.”

Nei Lima (BA)

Nunca mais abismo, 2021
Nei Lima é artista visual, figurinista, performer e produtor cultural, com vasta experiência em acessibilidade.

“O figurino foi realizado para a série de fotoperformance Nunca mais abismo, e parte da pesquisa do artista e coreógrafo Edu O. sobre a ‘bipedia compulsória’ na dança, que desumaniza e exclui corpos com deficiência e outros que não se enquadrem nos padrões normatizantes. A matéria-prima escolhida, o cordão de algodão, refaz metaforicamente os nós de uma rede-trama, impedindo que esses corpos sucumbam aos abismos cotidianos.”

Silverino Ojú

Sutura e a cura, 2024
Silverino Ojú é um homem negro de pele parda, cis, LGBTQIAPN+, baiano, periférico e pessoa com deficiência (PcD) desde os 19 anos. Entre Bahia e São Paulo, sua produção transita pelo têxtil, com espaço para a dança e a performance.

“A atadura hospitalar começou a fazer parte da minha vida há mais de duas décadas, quando sofri uma fratura ortopédica. Desde então, convivo com esse material que envolve a ferida no meu corpo. Após inúmeras complicações, internações e cirurgias no fêmur, resolvi contar essa história de outro lugar que não o da doença.”

MAIS ARTISTAS NESTE PISO:

• Aldren Lincoln (BA)
• Aline Bispo (SP)  
• Dalton Paula (SP)  
• Gustavo Silvestre | Projeto Ponto Firme (SP)  
• Heloísa Strobel | Reptília (SP)  
• Jum Nakao (SP)  
• Larissa de Souza (SP)  
• Maxwell Alexandre (SP)  
• Patrícia Kamayurá (GO)  
• Ronaldo Fraga (MG)  

CURADORAS

Carol Barreto

(Texto informado pela curadora)

Carol Barreto, Mulher Negra, oriunda de Santo Amaro da Purificação - BA, é Artista Visual, Designer de Moda Autoral, Pesquisadora, Figurinista e Curadora. Criadora do conceito de Modativismo, Autora do livro Modativismo: quando a moda encontra a luta, Editora Paralela - SP, 2024. Professora do Departamento de Estudos de Gênero e Feminismo da Universidade Federal da Bahia e atua como docente do campo dos Estudos de Gênero, Cultura e Linguagem, no Bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade, FFCH - UFBA.  Doutora em Cultura e Sociedade - Poscultura - IHAC - UFBA, atua como pesquisadora do grupo Gênero, Arte e Cultura, atrelada ao Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (GAC-NEIM), tem experiência na área dos estudos sobre Raça/Racismo, Gênero, Cultura e Arte.

Por meio do projeto Modativismo, criou uma metodologia inovadora para formação artístico-político-metodológica no campo das artes, centrada na produção da intelectualidade mental e manual de mulheres negras, construindo assim, um trabalho de visibilidade internacional nas passarelas e galerias de arte em mais de 10 cidades fora do Brasil, entre países do continente o Africano, Europa e Américas.

Em 2023 foi uma das artistas convidadas para integrar o grupo de 70 artistas da Diáspora Africana no evento de reabertura da Casa das Culturas do Mundo ( HKW - Berlim - AL) na Exposição O Quilombismo ( jun - set 2023) como a primeira artista do vestuário a expor na Haus der Kulturen der Welt.  Assinou o figurino do filme sobre Lina Bo Bardi, do artista inglês Isaac Julien (2018), e do Musical Brasilis: Circo Turma da Mônica (2019) e Circo Turma da Mônica: Mônica 60 (2023).

Criadora do Uniforme que nunca existiu homenagem da Centauro para a atleta Aída dos Santos, design vencedor de quatro premiações internacionais. Integrante do Instituto Casa de Criadores (SP). Como integrante do Instituto Casa de Criadores (SP), atuou como coordenadora pedagógica do curso Qual Moda para Qual Mundo? e na mentoria do grupo de artistas residentes da Casa de Criadores. Considerada uma das 100 mulheres mais importantes do Brasil pela Vogue (2022), já foi homenageada com os prêmios: Fashion Futures - C&A (2022), Prêmio Amabília Almeida de Visibilidade Feminina (Salvador - BA), Prêmio Maria Felipa (Salvador - BA), MICSUL (Bogotá - Colômbia), Barra Mulher (Salvador - BA), Medalha Marquês de Abrantes (Santo Amaro - BA).

Foi colunista de Moda da Revista Raça por quatro anos, divulgando perspectivas entrelaçadas entre moda, raça e suas interseccionalidade. Atuou jurada no Reality de Moda Encoraja Piccadilly, no Programa Encontro da TV Globo (2023) e como Curadora e Jurada no Reality Show Salvador Fashion Race (2019). Autora do livro documental Coleção Colaborativa Modativismo: uma experiência de ensino aprendizagem em Moda Afrobrasileira (2021), também é co-autora da obra Revolução da Moda: Jornadas para a Sustentabilidade (2021). No ano de 2023 criou a primeira disciplina sobre Moda e Ativismo do Brasil, por meio do Departamento de Estudos de Gênero e Feminismo da Universidade Federal da Bahia, com o código FCHM51 ACCS Modativismo: Processos Criativos Decoloniais, onde também iniciou as atividades do grupo de pesquisa Modativismo e dos cursos de extensão universitária. No campo das artes tem ampliado o seu trabalho, integrando a equipe de Curadoria da exposição Dona Fulô e Outras Jóias Negras, como uma das atividades de abertura do CCBB Salvador (MAC - BA, Nov. 2024) e Curadora da exposição Artistas do Vestir: Uma Costura dos Afetos como a maior exposição sobre Moda Brasileira dos últimos anos (Itaú Cultural - SP, Nov. 2024). Atualmente está realizando estágio de Pós-Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Têxtil e Moda, da Escola de Artes, Humanidades e Ciência da Universidade de São Paulo (EACH - USP), como pesquisadora e professora visitante do Instituto de Sustentabilidade em Têxtil e Moda (SUSTEX - USP). 

Currículo Lattes
www.modativismo.com.br |  www.carolbarreto.net

Hanayrá Negreiros

(Texto informado pela curadora)

Hanayrá Negreiros é pesquisadora e curadora de moda, doutoranda em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), mestre em Ciência da Religião pela mesma instituição e bacharel em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi. Suas pesquisas focam nas histórias do vestir da diáspora africana no Brasil, com destaque para as intersecções entre moda e artes visuais, além de fotografia, religiosidades e memórias de família. 

Ela possui experiência nas áreas de educação, museus, histórias da arte e culturas afro-brasileiras. Participa da BRASA - Brazilian Studies Association e de núcleos de pesquisa, como o Núcleo de Estudos da Mulher (NEM/PUC-SP), o INDUMENTA - Dress and Textiles Studies in Brazil (UFG) e o Núcleo de Estudos de História da Moda e da Indumentária (NEHMI/UERJ). Entre seus principais trabalhos, destacam-se a atuação como curadora interlocutora da State of Fashion Biennale 2024 (Arnhem, Países Baixos), curadora-adjunta de moda do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - MASP, co-curadora do projeto Sobre-vestir: Histórias de Cinema e Moda no Batalha Centro de Cinema (Porto, Portugal) e curadora da exposição Indumentárias Negras em Foco no Instituto Moreira Salles de São Paulo, em parceria com o Instituto Feira Preta. Além disso, foi colunista da ELLE Brasil e integrou a comissão consultiva da exposição Moda Hoy! Latin American and Latinx Fashion Design Today (Museum at FIT, NY). 

Atualmente, é professora convidada do curso de Especialização em Moda, Arte e Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Recentemente, foi premiada com a The PIPA Foundation Residency for Early Career Curators na Chelsea College of Arts e no TrAIN da University of the Arts London. Além disso, assina a co-curadoria da exposição de moda Artistas do vestir: uma costura dos afetos no Itaú Cultural.

Currículo Lattes

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Abertura: 19h30 de 27 de novembro de 2024 (quarta-feira)
Até 23 de fevereiro de 2025
Terça-feira a sábado, das 11h às 20h
Domingos e feriados das 11h às 19h
Pisos 1, -1 e -2

Concepção e realização: Itaú Cultural  
Curadoria: Carol Barreto e Hanayrá Negreiros
Assistência de curadoria: Adriele Regine
Projeto expográfico: Estúdio Gabriela de Matos de Arquitetura

Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149 – próximo à estação de metrô Brigadeiro
Visitação: Terça-feira a sábado, das 11h às 20h; domingos e feriados, das 11h às 19h.
Entrada: gratuita

Mais informações:
Telefone: (11) 2168-1777
Whatsapp: (11) 963831663
E-mail: atendimento@itaucultural.org.br

Acesso para pessoas com deficiência física.
Estacionamento: entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108.
Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.


MOSTRA NA ITAÚ CULTURAL PLAY
A partir de 27 de novembro
www.itauculturalplay.com.br
Smart TVs da Samsung, LG e Apple TV
Aplicativos para dispositivos móveis (Android e iOS) e Chromecast.  
Filmes:  
• Favela é moda, de Emílio Domingos
• O ponto firme, de Laura Artigas  
• A costura do invisível, de Jum Nakao  
• Estou me guardando para quando o carnaval chegar, de Marcelo Gomes
• Ôrí, de Raquel Gerber

ENCONTROS IC PLAY
O Figurino vestindo Histórias

Dia 26 de novembro (terça-feira), às 19h
Sala Vermelha (Piso 3)
Capacidade: 60 lugares
Duração: 120 minutos
Classificação indicativa: Livre
Entrada gratuita: reservas de ingressos na quarta-feira da semana anterior à apresentação, a partir das 12h, na plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural
www.itaucultural.org.br

Assessoria de imprensa
Conteúdo Comunicação

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(11) 98860-9188
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Larissa Corrêa
(11) 98139-9786
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Júlia Rodrigues
(17) 98121-6411
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Roberta Montanari
(11) 99967-3292
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