PRESSKIT

CONCEIÇÃO,

 

 

 

Obrigada pelo convite para me juntar a você, Miriam, Esmeralda, Sônia e Geni.
E Ana e Cristiane e Elizandra e Jennyffer e Lívia e Mel e Raquel e Débora.
E tantos outros nomes que me vêm à cabeça, girando nesta ciranda de letras que você nos propõe, até a zonzura. Um amigo me ensinou que qualquer outro nome para esta falta de chão, esta falta de rumo que a gente atinge quando roda-roda-roda-roda-roda-roda-roda-oda-oda-oda-oda-da-da-da-a-aaaaaaa é branco demais. Que seja, então: zonzura. Talvez o silêncio, talvez a distância, talvez o tempo faça a gente girar em sentido contrário, fora do eixo, do prumo, do sentido apontado

por estes passos que seguimos. Ajustemos os corpos, pois!

 

 

 

Sentemos em roda. Seja falando todo mundo junto, neste arrebatamento feroz de vida e de ação que nos consome, seja parando para a escuta que é mais que colo, seja no silêncio que nos faz ler olhos em vez de bocas; sentemos em roda. Para que

nos olhemos mais. Para que fechemos os olhos e deixemos o corpo pender para um lado e para o outro, sabendo que terá apoio.

Para que sintamos necessidade de rir, e chorar, e cantar, e dançar, e brindar, e comer e ser quem somos sendo também a outra. Nesta capacidade incrível de transmutação que os corpos negros, quando juntos, parecem resgatar de uma tradição que atravessa o tempo, que atravessou outros corpos, que nos atravessa, que nos remete para o futuro. E que mais ninguém sabe fazer igual, porque é também jogo, mandinga, malícia. É o que você fala da capoeira.

 

 

 

Escrevo hoje, então, me dizendo presente. O que posso levar?
Tenho aqui agora, ao alcance das mãos, um xale que foi da minha avó, um vidrinho contendo água do mar que banhou por um instante uma praia no Senegal, trazido por uma amiga que levo em memória para a roda, dois batons vermelhos, uma folha de árvore que eu trouxe da rua sem querer, emaranhada nos cabelos, uma figa, uma caixa de fósforos que serve também para batucar, uma vontade imensa de saber sempre e mais de vocês.

 

 

 

Axé, irmã. Até muito, muito, muito breve. Um chêro,

 

 

 

 

Ana

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ana Maria Gonçalves é mineira. Começou a escrever ficção em 2001. Em 2002, mudou-se de São Paulo para a Ilha de Itaparica (BA), onde escreveu e lançou o romance Ao Lado e à Margem do que Sentes por Mim. Enquanto escrevia a obra, fazia a pesquisa histórica para Um Defeito de Cor, metaficção historiográfica baseada na vida de Luisa Mahin, tida como mãe do poeta Luiz Gama. Tem textos publicados em antologias em Portugal e na Itália. Morou por sete anos nos Estados Unidos, pesquisando e ministrando cursos e palestras sobre relações raciais.

 

Foram muitas as escritoras que atenderam ao chamado
de Conceição Evaristo para retomar as Cartas Negras,
ou se somar ao grupo. Ana Maria Gonçalves, autora, entre outras obras, de Defeito de Cor, é uma das que respondeu e aderiu ao projeto. “Sentemos em roda.
Seja falando todo mundo junto, neste arrebatamento feroz de vida e de ação que nos consome, seja parando para a escuta que é mais que colo, seja no silêncio que nos faz ler olhos em vez de bocas; sentemos em roda.”

 

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SERVIÇO

Ocupação Conceição Evaristo

Coquetel de abertura: 3 de maio (quarta-feira), às 20h

Visitação: 4 de maio (quinta-feira) a 18 de junho (domingo)

Terças-feiras a sextas-feiras, das 9h às 20h

[permanência até as 20h30]

Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h

Piso térreo

 

 

Acesso para pessoas com deficiência

Ar condicionado

 

Estacionamento: Entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108

Se o visitante carimbar o tíquete na recepção do Itaú Cultural:

3 horas: R$ 7; 4 horas: R$ 9; 5 a 12 horas: R$ 10.

Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.

Itaú Cultural

Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô

Fones:  +55 11 2168-1776/1777

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