Livro

Análise da obra completa do diretor

Assinado pelo jornalista e pesquisador Carlos Alberto Mattos, em coedição da editora Boitempo, Itaú Cultural e Instituto Moreira Salles, o livro Sete Faces de Eduardo Coutinho é o primeiro a analisar a obra completa do cineasta, incluindo seus primeiros ensaios documentais ainda como aluno do Institut des Hautes Études Cinématographiques – Idhec, em Paris, o trabalho no programa Globo Repórter e os vídeos pouco conhecidos que realizou para o Centro de Criação de Imagem Popular (Cecip), nos anos 1980 e 1990. Disso resulta a mais completa filmografia já levantada do cineasta. O livro será lançado no dia 2 de outubro, no Itaú Cultural, quando abre a Ocupação Eduardo Coutinho, da qual o autor é cocurador.

O livro incorpora os textos de Eduardo Coutinho – O Homem que Caiu na Real, lançado por Mattos em Portugal, em 2003, com acréscimos e atualizações, e prossegue na contextualização e análise crítica dos filmes subsequentes.

Em lugar de ater-se a uma exposição meramente cronológica da trajetória do cineasta, Sete Faces de Eduardo Coutinho observa suas transversalidades e conexões no tempo a partir de uma separação em capítulos que correspondem às sete “faces” mencionadas no título. Assim, temos o Coutinho estudante, ficcionista, repórter, documentarista social, cineasta de conversa, experimental e, finalmente, o Coutinho personagem de sua própria vida.

É também a primeira vez que um livro aborda a dimensão pessoal de Eduardo Coutinho, com suas manias, obsessões e traços de personalidade que influenciavam diretamente os seus métodos de trabalho e sua preferência pelo cinema de encontro.

O acesso do autor a documentos até então inéditos aos olhos de pesquisadores, no acervo profissional que Coutinho mantinha no Cecip (hoje sob a guarda do Instituto Moreira Salles), permitiu uma visão abrangente da sua trajetória. Aí se incluem projetos que nunca saíram do papel ou foram sucessivamente modificados até chegarem aos filmes que hoje se conhecem.

Um desses projetos, chamado À Sombra de São Paulo, anunciava um documentário com moradores de uma favela paulistana. Outro previa a busca do rastro de personagens que haviam sido entrevistados por Mário de Andrade em sua missão de pesquisa folclórica ao Nordeste na década de 1930.

No prefácio, o também cineasta Silvio Da-Rin ressalta a abrangência do livro: “Muito já se escreveu sobre Eduardo Coutinho. Finalmente surge uma abordagem multidimensional, que abarca com acuidade e riqueza de referências o conjunto de sua obra. Embora modestamente declare na introdução que não alimenta a pretensão de 'um retrato exaustivo do criador-pensador', a verdade é que Carlos Alberto Mattos produziu com este livro uma referência incontornável para todos aqueles que venham a se interessar pela vida e pela obra do documentarista."

O livro incorpora uma extensa entrevista dada por Coutinho ao autor em 2003, a mais longa feita com ele até então. Naquelas seis horas de conversa, Coutinho passou em revista sua carreira até ali e expôs com clareza a sua forma de pensar e fazer cinema. É mais um depoimento inestimável de alguém que criou toda uma teoria do documentário a partir do seu próprio método e de suas convicções.

 

Leia alguns trechos da obra:

 

 

“A passagem da película para o vídeo só trouxe vantagens para o método de Coutinho. Como não se envolvia diretamente com questões técnicas, concentrando-se nas pesquisas e nos encontros com os personagens, as mudanças não lhe abalaram. Pelo contrário, ele pôde expandir seus diálogos nos tempos mais longos das fitas U-Matic e Betacam e, gradualmente, burilar seu cinema de conversa. O período do Cecip, com algumas exceções, tende a ser tomado como algo menor em sua carreira, o que constitui um erro grosseiro. Na verdade, o contato regular com as pessoas por trás dos temas desses filmes foi determinante para a contínua depuração de seu estilo e a consolidação de sua personalidade de documentarista. No entanto, era um trabalho que não o satisfazia plenamente, dadas as imposições dos temas e do tratamento mais expositivo. Em alguns casos trabalhou a contragosto, o que não fazia questão de dissimular.”

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 “A seleção de personagens (teste de elenco) obedecia sobretudo a critérios de performance. Não bastava a pessoa ter uma história extraordinária para contar. Era preciso que contasse uma história de maneira extraordinária. Por causa disso, vários personagens com relatos substanciais, mas baixa expressividade, não resistiram ao corte final. Para Coutinho, o carisma abrangia não apenas riqueza vocabular e sintática, mas também fatores como inflexões de voz, qualidade das pausas, expressões faciais, gestos etc. ‘O verbal é paraverbal e gestual. A escrita é abstrata’, dizia. A imagem, para ele, era essencial, até porque a expressão dos olhos, da boca, dos ombros podia desmentir a fala. A atenção dispensada a esses aspectos renovava a certeza de que seus filmes eram extremamente visuais, contrariamente à opinião de quem às vezes o criticava por aferrar-se à palavra e fazer ‘pouco cinema’.”

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 “Jogo de cena (2007) significou mais um relançamento da carreira de Eduardo Coutinho. O xamã da conversa com gente comum voltava a trabalhar com atrizes profissionais e com a encenação desabrida. Pela primeira vez, deixava de fincar seu compasso numa comunidade específica (uma favela, um edifício, um conjunto de trabalhadores, um agrupamento rural) e se expunha a personagens dispersos. Tal como em Cabra marcado para morrer e Santo forte, abria novas fronteiras para o documentário brasileiro.”

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 “Incorporar a encenação ao documentário não era uma novidade dessa obra. O ‘coronel’ Theodorico Bezerra se autoencenava à vontade no ‘seu’ Globo Repórter. Cabra reapropriava a memória da dramatização de 1964 num documentário. Alguns personagens reais de Santo forte, Babilônia 2000, Edifício Master e O fim e o princípio dançavam na borda entre a sinceridade e a autofabulação. Implicitamente, Coutinho os liberava para mentir, desde que não exagerassem – o que assumiu de maneira explícita num diálogo com Silvana em Sete visitas, de Douglas Duarte. As conversações comtuação análoga à do teatro, em que o diretor estimulava a interpretação natural do ator.”

 

 

Carlos Alberto Mattos,
autor do livro Sete Faces de Eduardo Coutinho e
cocurador da
Ocupação

< início

Ocupação Eduardo Coutinho

 

Abertura: 2 de outubro, a partir das 20h

Com lançamento do livro Sete Faces de Eduardo Coutinho

Visitação: até 24 de novembro

Classificação etária: livre

De terças-feiras a sextas-feiras, das 9h às 20h  (permanência até 20h30)

Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h

Piso térreo

 

 

Mostra de filmes – Terças de Cinema

Nos dias 1,8,15,22 e 29 de outubro e 5, 12, 19 e 26 de novembro

Com sessões às 17h e às 19h

 

Mostra de Filmes – Online

De 3 a 20 de outubro

 

Masterclass e curso

Nos dias 7, 30 e 31 de outubro e 1 e 2 de novembro

Itaú Cultural

 

Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô

Fones: 11. 2168-1777

Acesso para pessoas com deficiência

Ar condicionado

Estacionamento: Entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108

Se o visitante carimbar o tíquete na recepção do Itaú Cultural:

3 horas: R$ 7; 4 horas: R$ 9; 5 a 12 horas: R$ 10.

Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.

 

 

Realização:

Assessoria de Imprensa: Conteúdo Comunicação

 

Fone:  +55 11 5056-9800

 

 

No Itaú Cultural:

 

Fone: 11.2168-1950

 

Carina Bordalo (programa Rumos)

Fone: 11.2168-1906