Perfil
Crescimento econômico, planejamento urbano, arte e cultura  e uso intenso da tecnologia  foram as suas chaves-mestras

Paulistano, Olavo Setubal atravessou as divisas do país com o seu pensamento sobre  o destino do Brasil. Atuou nos setores empresarial, financeiro, político e incentivou as artes brasileiras. Deixou um legado que reúne todas essas áreas, permeado pelo espírito público.

Olavo Egydio Setubal atuou com destaque no setor empresarial e financeiro, além de construir uma história na política e muito contribuir para a cultura brasileira. Nascido na capital paulista no dia 15 de abril de 1923, filho de Paulo Setubal (advogado, político e escritor membro da Academia Brasileira de Letras) e ​​​​Francisca Egydio de Souza Aranha, Olavo formou-se engenheiro mecânico e eletricista pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), exercendo o papel de professor-assistente (isto é, ainda que não fosse o educador titular, preparava materiais e aulas).

Em 1947, aos 24 anos, inaugurou (com Renato Refinetti, colega de turma) a Artefatos de Metais Deca, indústria especializada em louças sanitárias (integrante hoje do grupo Dexco). Já na década de 1950, a convite do tio Alfredo Egydio de Souza Aranha, tornou-se diretor do Banco Federal do Crédito, que deu origem ao Grupo Itaúsa. Sob sua liderança, o banco passou por uma série de reestruturações.  

Em 1975, Setubal assumiu a prefeitura da cidade de São Paulo, indicado pelo governador Paulo Egydio Martins, cargo no qual permaneceu até 1979. Como prefeito, criou a Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a Secretaria de Cultura, além de calçadões fechados para carros, no centro. Concluiu as obras da avenida Sumaré, da Praça da Sé e do Pátio do Colégio, inaugurou estações de metrô (a exemplo do trecho Santana-Jabaquara da linha norte-sul), redefiniu o plano viário da metrópole, fazendo-a mais funcional, e criou importantes parques Anhanguera, da Previdência, Piqueri, da Vila dos Remédios, Nabuco, São Domingos, Raposo Tavares e do Carmo (este, aliás, renomeado, em 2012, como Parque do Carmo – Olavo Egydio Setubal).

Quando do processo de redemocratização do Brasil, Olavo apoiou a candidatura de Tancredo Neves à Presidência da República, sendo, depois, indicado pelo presidente eleito ao Ministério das Relações Exteriores (posto que ocupou no governo José Sarney). Enquanto ministro, pôs a América Latina em uma posição prioritária no Itamaraty, repudiou as práticas de apartheid na África do Sul, foi favorável ao reestabelecimento do diálogo com a União Soviética. Nos 11 meses em que esteve à frente da pasta (1985-1986), focou no crescimento econômico, sem perder de vista o fator social. Em livros de sua autoria, como A questão da reserva de mercado (1984) e Ação política e discurso liberal (1986), noções que permearam o seu trabalho diplomático aparecem detalhadas.

Após um ano, em 1987, fundou o Instituto Cultural Itaú (ICI), atualmente Itaú Cultural (IC), que tem, nas palavras de Olavo, “por missão fomentar, articular e difundir ações que contribuam para o conhecimento, produção e distribuição dos bens culturais, especificamente das artes, no Brasil, enfatizando a utilização de novas tecnologias para ampliar a circulação e o acesso a estes bens, colaborando assim com o processo de participação social”. Faleceu em 27 de agosto de 2008.