Coleção

Coleção de moedas e seus derivados contém belas e raras peças

O acervo começou em 1984 com a aquisição da coleção de moedas de Herculano de Almeida Pires, membro do Conselho de Administração do Itaú. Na época somava 796 moedas de ouro, prata, cobre, níquel, cupro-níquel, alumínio e bronze. Com a compra de novas peças no Brasil e no exterior, ao longo dos anos, hoje ela reúne mais de 7 mil itens.

O novíssimo Espaço Herculano Pires – Arte no dinheiro apresenta grande parte da Coleção Itaú de Numismática. Trata-se de exemplares dos mais diferentes materiais – como ouro, prata, cobre e até mesmo madeira. Entre mais de 2,9 mil peças como moedas, medalhas, provas, ensaios, condecorações e tantos outros objetos ligados ao universo monetário, o visitante se depara com belas e raras peças da numismática brasileira.

Em 2000 ela ganhou espaço próprio no último andar do Itaú Cultural, onde permaneceu até 2010 batizada Itaú Numismática – Museu Herculano Pires. Dividida em 30 módulos dispostos cronologicamente com os exemplares mais importantes da numismática brasileira e oferecendo várias possibilidades de enfoque, o visitante recebia um amplo panorama da evolução destas unidades de valor.

O lugar foi encerrado naquele ano já com o propósito de somá-lo à Coleção Brasiliana Itaú para gerar um arco ainda mais completo do conjunto iconográfico que compõe a história do Brasil. Pouco menos de 500 do total de suas peças foram integradas ao Espaço Olavo Setubal, inaugurado em 2014 ocupando 514 metros quadrados distribuídos entre dois andares do Itaú Cultural. Contando somente a coleção Brasiliana, ele reúne mais de 2,5 mil itens, desdobrados em cerca de cinco mil iconografias.

A partir de agora, a coleção Numismática volta a ganhar espaço próprio, um andar acima do Espaço Olavo Setubal. Acompanhe aqui, algumas das principais peças dessa coleção.

Moedas e cédulas

Português
Português foi uma moeda de ouro portuguesa cunhada do fim do século XV até meados do século XVI. Foi emitida pela primeira vez antes da viagem de Vasco da Gama, que levou alguns exemplares para a Índia em 1498. A peça exposta é de 1499.

Terra de Santa Cruz
Exemplar raríssimo do ensaio monetário em prata de 640 réis, cunhado em 1695 pela Casa da Moeda da Bahia. Não foi aprovado para circulação porque trazia o nome antigo da colônia, Terra de Santa Cruz.

Da metrópole para a colônia
Em 1748, D. João V determinou a cunhagem de moedas para os estados do Maranhão e Grão-Pará. Feitas em 1749 pela Casa da Moeda de Lisboa, elas tinham as mesmas denominações e pesos das moedas provinciais brasileiras. O reinado de D. João V marcou o auge da numismática brasileira, pela diversidade, riqueza e beleza das moedas produzidas, especialmente as emissões em ouro. Aqui podemos observar as raras moedas de ouro, algumas com a efígie de D. João V, produzidas entre 1727 e 1749: uma série nos valores de 800, 1.600, 3.200 e 6.400 réis, uma de mil e outra de 4 mil réis. Quase não se tem notícias do comércio desses exemplares. Da moeda de 6.400 réis, datada de 1732, conhecemos apenas dois.

Reinado de D. José
No reinado de D. José I (1750-1777), continuou sendo produzida a série dos escudos, com exceção da peça de 12.800 réis. Estão expostas aqui as moedas de ouro de 1763 a 1777, nos valores de 800, 1.600, 3.200 e 4 mil réis. Estas peças configuram “o mais alto grau de raridade (R5)”, sendo a moeda de 1.600 réis de 1774 o único exemplar conhecido. Destacam-se também as moedas de 800 réis de 1764 e de 1.600 réis de 1774, sendo conhecidos dois exemplares de cada uma.

Por todo o território
Moedas de cobre de 1749 e sem letra monetária. Por serem iguais às do padrão monetário corrente, sua circulação se estendeu a todo o território brasileiro.

Obsidionais holandesas
Primeiras moedas cunhadas no Brasil, fabricadas com ouro da Guiné e utilizadas para pagar fornecedores e soldados mercenários durante o período holandês no Nordeste brasileiro (1630-1654). A inscrição “G.W.C.” corresponde às iniciais de “Companhia das Índias Ocidentais” em holandês.

Raridade em prata
Moeda de prata no valor de 2 mil réis emitida em 1891. O anverso apresenta a cabeça da República com uma coroa de louros. O reverso exibe um colar de 21 estrelas, com o Cruzeiro do Sul ao meio.

Princesa Isabel
Nesta peça, destaca-se a figura da Princesa Isabel, bastante retratada nas medalhas nacionais. Entre as peças em exposição, vale salientar a medalha de bronze de 1875, gravada por F. Carneiro, e a de prata do mesmo ano.

Nadina Bulicioff
A artista russa Nadina Bulicioff (1858-1921), uma das mais prestigiosas sopranos de sua época, foi convidada por D. Pedro Il para se apresentar no Brasil em 1886. Como agradecimento pelo sucesso de sua temporada, recebeu de admiradores uma cara joia.Horrorizada, porém, com a escravidão, a cantora converteu o valor do presente na compra de cartas de alforria para a liberdade de algumas das pessoas naquela condição. Unindo arte e ativismo, Nadina distribuiu as cartas em sua apresentação final, em 6 de agosto, libertando seis mulheres escravizadas na presença do imperador.

Alegoria da República
Cédula de 500 mil réis, nº 48317, série 6ª, 10ª estampa, autografada, emitida em 1911 pela American Bank Note Company. Traz no anverso a figura da República jovem, com uma coroa de louros, dentro de uma moldura sustentada por dois anjos.

Alegoria da República 2
Após a Proclamação da República, o padrão réis foi mantido, mas os símbolos foram substituídos. Saem a efígie do imperador e o brasão da família real e entra a alegoria da República. As moedas de ouro nesta vitrine, produzidas em 1889, foram as primeiras a utilizar a imagem em questão.

Chegada dos portugueses
Série Vicentina, referente ao quarto centenário da chegada dos portugueses ao Brasil. A moeda de cem réis (1932) traz o líder indígena Tibiriçá, que colaborou na fundação da capital paulista, em 1554. 

Embarque do café
Esta cédula de 50 cruzeiros, cujas emissões ocorreram em 1970 (padrão cruzeiro novo), 1974 e 1980, mostra trabalhadores envolvidos no “embarque do café”. Há inspiração em uma parte do mural de Candido Portinari do Palácio da Cultura, no Rio de Janeiro, obra em que empregados de lavouras são protagonistas.

Centenário da abolição
Moedas de cem cruzados de 1988 que comemoram o centenário da abolição. A saudação iorubá “axé” significa poder, energia e força. A inclusão da saudação nas moedas estabelece uma conexão simbólica com a cultura afro-brasileira.

Cecília Meireles
Cédula de cem cruzados novos, datada de 1989, conta com o retrato da poeta Cecília Meireles (1901-1964) em seu anverso. À esquerda há a reprodução de um desenho de autoria da artista, ao qual se sobrepõem alguns versos manuscritos extraídos de seus Cânticos. O reverso apresenta símbolos do universo infantil e outros desenhos feitos pela escritora, representativos de seus estudos sobre folclore, músicas e danças populares. O que chama atenção dos colecionadores nesta nota é que há um defeito de impressão, o que a torna rara.

Rendeiras e baianas
As mulheres foram representadas nas moedas em atividades cotidianas, como é o caso da rendeira de bilro (moeda de 50 centavos de cruzados novos, de 1989) e das baianas vendedoras de acarajé (moeda de 50 cruzeiros, de 1991).

Mulher negra
Em 1988, o governo brasileiro emitiu uma série de moedas chamada Axé, para comemorar o centenário da abolição. Trata-se da primeira e única vez que uma mulher negra é representada em uma moeda do país.

A negritude e sua invisibilidade histórica

A ideia de civilização em representações figurativas de moedas e cédulas ao longo da história reforça elementos da dominação colonial, mostrando os brancos como civilizados, os indígenas como aculturados e os negros inexistentes.

Esse apagamento estigmatizou, de forma violenta, os sujeitos escravizados. A partir da década de 1980, movimentos sociais começaram a recuperar personagens invisibilizados, e, por meio de uma perspectiva pós-colonialista, emergiram sujeitos agentes até então apagados do cenário histórico.

Medalhas

O casal D. Pedro II com D. Teresa Cristina
Zeferino Ferrez gravou as medalhas comemorativas do noivado (1842) e do casamento (1843) de D. Pedro II com D. Teresa Cristina. Na medalha de ouro, retratou Himeneu, deus do casamento. Nas medalhas de prata e cobre, representou um aperto de mãos e escudos conjugados das duas famílias imperiais. 

Medalhas com busto de D. Pedro I e D. Pedro II
Em 1823, foi emitida a medalha de prêmio da Escola de Ensino Mútuo, com o busto de D. Pedro I. Já a Medalha ao Gênio e a Aplicação – Academia das Bellas Artes do Rio de Janeiro, produzida em 1842, traz o busto de D. Pedro II. Ambas foram gravadas por Zeferino Ferrez.

Guerras no Uruguai
Medalhas da Campanha do Uruguai – Campanha contra Oribe e Rosas (1851-1852) e da Campanha do Uruguai de 1865, chamada ainda de Medalha de Paissandu, cunhada a propósito da campanha empreendida durante a Guerra do Prata (1851-1852).

Primeira medalha republicana
Medalha rara, foi a primeira cunhada pelo governo republicano brasileiro, em 1889. Retrata a alegoria da República, uma mulher vestindo um gorro conhecido como barrete frígio. A seus pés estão uma harpia e uma onça, simbolizando a fauna brasileira. Ao fundo, brilha o sol e a inscrição "Libertas quæ sera tamen" ("Liberdade ainda que tardia"). No reverso, a inscrição "Para glória da República" e 20 estrelas representando os estados brasileiros.

Expedições comerciais holandesas
Medalhas de prata, de 1594, e de bronze, de 1596, para celebrar a expansão marítima holandesa. No anverso da medalha de prata, destaca-se o deus romano Netuno. 

Maurício de Nassau
Medalhas de prata, de 1615 e 1624. A primeira trata da nomeação de Maurício de Nassau como cavaleiro da Ordem da Jarreteira. A segunda também é em sua homenagem.

Diversidade temática
Entre os temas observados nas medalhas, destacam-se as homenagens ao Centenário do Ensino Oficial no Brasil (medalha de bronze de1916, gravada por Girardet), ao Centenário da Independência do Brasil (medalha de ouro de 1922, também trabalhada por Girardet) e à 1ª Exposição Provincial de São Paulo (medalha de cobre de1885).

Antônio Gonçalves de Araújo
A medalha de bronze exposta, datada de 1900 e gravada por Girardet, homenageia Antônio Gonçalves de Araújo, milionário português cuja herança foi para a Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária, a fim de reabrir um abrigo para crianças.

Medalha da coroação de D. Pedro II
Medalha de cobre Ordo et felicitas (“Ordem e felicidade”), de 1841, com indígena representando a nação brasileira e coroando Dom Pedro II. 

Mito do "bom selvagem"
Medalhas que comemoram a coroação de D. Pedro II, em 1841, mostram o indígena Pocrane, considerado um “bom selvagem”, uma vez que ele se aliou aos colonizadores, se converteu ao catolicismo e se empenhou na catequização de outros indígenas.

Tributo à cultura indígena
Medalha de bronze emitida para o XX Congresso Internacional de Americanistas em 1922. A mulher indígena aparece em relacionada à espiritualidade, à sabedoria ancestral e à conexão com a terra. A cultura indígena também surge, por exemplo, nas cédulas de 5 cruzeiros, que circulam entre os anos de 1960 e 1961, e nas de mil cruzeiros, usadas no período de 1990 a 1994.

Benta Pereira de Souza
Medalha de bronze de 1935 com a representação de Benta Pereira de Souza. Em 1748, Benta era proprietária de terras na Paraíba do Sul (território do atual Norte Fluminense) e liderou uma revolta de moradores da Vila de São Salvador (hoje o município de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro) contra os impostos abusivos implantados por Visconde de Asseca. A medalha homenageia o centenário da fundação de Campos dos Goytacazes e a ação de Benta.

Olhar sobre a liberdade
Medalha de cobre de 1871 celebra a Lei Ventre Livre, que libertou os filhos de mulheres escravizadas nascidos a partir daquela data. A figura da liberdade, segurando uma cornucópia, exibe um pergaminho a um grupo de mães escravizadas e seus filhos. Ao lado dela, um cacique simboliza o Brasil.

Herói da abolição
As medalhas Redenção do Ceará (1884) fazem referência ao jangadeiro Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, personagem da abolição da escravatura no território cearense, fato que se deu em 1881, antes do restante do Brasil (1888). Francisco José recusou-se a transportar negros escravizados destinados à venda.

Luta pela liberdade
Peças que celebram a Lei Áurea, marco do fim da escravidão no Brasil. A medalha de prata (1888) traz um livro aberto, representando o conhecimento e a transformação social. As demais mostram Princesa Isabel, creditada historicamente como responsável pelo acontecimento. Deve-se destacar, porém, que a abolição foi resultado da luta de movimentos e personagens diversos.

Maria Quitéria de Jesus
A medalha de bronze de 1953 apresenta a efígie de Maria Quitéria de Jesus, vestida em seu uniforme militar e ostentando a Ordem do Cruzeiro do Sul. Reconhecida como a heroína da Independência, foi a primeira mulher a integrar o Exército Brasileiro, em 1822.

Holandeses na Baía de Matanzas
Medalha de prata emitida pelos holandeses em 1628 a propósito do combate na Baía de Matanzas. Faz parte do raro conjunto de medalhas holandesas referentes ao Brasil.

Selos

Inspiração clássica
Os selos emitidos entre 1921 e 1934 trazem as alegorias da aviação, da navegação e da instrução. O uso de alegorias femininas como símbolo é uma herança de gregos e romanos.

Estilo neoclássico
Os selos de 300, 400, 500, 600, 700, mil e 2 mil réis e de 700 cruzeiros trazem as figuras do deus Mercúrio e de outras alegorias associadas ao comércio.

Produção agrícola
Os selos brasileiros trazem representações imagéticas muito diversificadas. Nesta seção, frisa-se a agricultura, inclusive com retratos de cenas cotidianas da colheita de trigo.

Com metal e bigorna
Desde que os selos passaram a fazer parte da vida dos brasileiros, a temática da indústria se fez presente. Em 1923, foi produzido um selo da série Vovó, de 50 réis, no qual um trabalhador martela uma liga metálica apoiada em uma bigorna. Em 1946, com o interesse governamental pelas áreas petrolífera, siderúrgica e comercial, foram criados selos que remetiam a esses ramos.

Ouro

Entre as barras de ouro produzidas no período colonial, destacam-se a de 1811, com as iniciais do ensaiador Veridiano Costa Rangel, e as de 1815 e 1818, ambas com as iniciais do ensaiador José Pinto Pereira. Na época, também foram elaboradas barras falsas. Essa produção, em resumo, era uma prova da necessidade de o Estado regulamentar e fiscalizar a prática de extração do ouro.

Ouro brasileiro
Na conjuntura da extração de ouro no Brasil, não se deve esquecer que grande parte do produto explorado foi direcionada para Portugal. As moedas emitidas na antiga metrópole com as efígies de D. Maria II, Pedro IV (D. Pedro I, na perspectiva brasileira) e D. Miguel têm o valor de 6.400 réis cada.

Dobrões
Entre 1724 e 1727, no auge do período de exploração do ouro em Minas Gerais, cunharam-se no Brasil os dobrões, moedas de alto valor intrínseco. Com 53,78 gramas de ouro e com valor facial de 20 mil réis, elas valiam legalmente 24 mil réis cada uma e correspondiam a registros da extração mineral e do comércio de então.

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