Linha do tempo

Oito décadas de vida intensa permeada por exílios diversos

Formado na Suíça aos 18 anos, o percurso de Mario Pedrosa se desenhou entre viagens a trabalho e estudos ou forçadas pela perseguição política de Getúlio Vargas. Uma linha do tempo nesta Ocupação assinala os caminhos desse andarilho, suas amizades e atuações no exterior, que estruturaram seu modo de ser e de ver a vida e a arte.

Mario Pedrosa nasceu no Engenho Jussaral, em Pernambuco, no dia 25 de abril de 1900, último ano do século XIX já vislumbrando o XX. Ele viveu até 1981.  Foram oito décadas intensas em que as viagens marcaram o seu destino. A primeira delas, foi feita aos dois anos de idade com a mudança da família para João Pessoa, capital da Paraíba.

Acompanhe abaixo o percurso desse caminho por países diversos nos textos que, na exposição, formam um grande painel destacando cada um deles. Ele será acompanhado de uma reprodução de menores dimensões em braile para o acesso do público cego.

1900

Mario Xavier de Andrade Pedrosa nasce em 25 de abril, no Engenho Jussaral, distrito de Cruangi, em Timbaúba (PE). Filho de Pedro da Cunha Pedrosa e Antônia Xavier de Andrade Pedrosa, é o sexto de 10 irmãos. Aos dois anos de idade, muda-se com a família para João Pessoa (PB), onde o pai se dedica à advocacia e à política.

1918

Após formação na Suíça, Pedrosa retorna ao Brasil e ingressa na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde aprofunda seu interesse pelo marxismo. Nesse período, frequenta a casa de Arinda e Frank Houston em Niterói, onde conhece Mary Houston, sua parceira por toda a vida.

1924

Após a graduação, muda-se para São Paulo e passa a trabalhar no Diário da Noite e a produzir artigos de crítica literária. Frequenta os meios literários paulistas e faz amizade com o escritor Mário de Andrade. Pouco depois, em 1925, adere ao Partido Comunista Brasileiro (PCB).

1927

Enviado à Rússia pelo PCB para estudos, Mario Pedrosa, primeiro por questões de saúde, depois pelo contato com o ideário do revolucionário Leon Trótski, permanece na Alemanha, onde cursa filosofia e sociologia e estuda a gestalt, uma teoria da percepção. No ano seguinte, em Paris, na França, encontra escritores surrealistas.

1931

Pouco depois de sua expulsão do PCB por ser trotskista, Mario Pedrosa é preso pela primeira vez. Com Lívio Xavier, redige o ensaio Esboço de uma análise da situação econômica e social do Brasil. Um ano depois, em São Paulo, ele é preso novamente, desta vez com Mary Houston, pelas tropas de Getúlio Vargas.

1934

Em 7 de outubro, Pedrosa é baleado durante a Batalha da Praça da Sé, confronto entre militantes antifascistas e integralistas apoiados pelas Forças de Segurança Nacional. O período é marcado pelo crescente envolvimento do crítico com a Frente Única Antifascista (FUA), organização fundada em 1933, em São Paulo.

1937

Após o golpe de Estado organizado por Getúlio Vargas, a repressão aumenta e Pedrosa é processado. Segue clandestinamente à França. No ano seguinte, nos Estados Unidos, no contexto da Quarta Internacional – organização comunista trotskista –, integra discussões sobre a posição da União Soviética quanto à Segunda Guerra Mundial.

1944

Após passar a Segunda Guerra Mundial em Nova York e regressar ao Brasil, o crítico é preso e exilado pela segunda vez, voltando para os Estados Unidos. No Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), ele conhece o artista visual Alexander Calder, que influencia imensamente sua visão crítica e social sobre a arte moderna.

1947

De volta ao Rio de Janeiro, Mario Pedrosa conhece o projeto da psiquiatra Nise da Silveira e do pintor Almir Mavignier com pacientes psiquiátricos. A experiência lhe inspira o texto Arte, necessidade vital. No ano seguinte, consolida-se ao redor dele o primeiro núcleo de artistas abstrato-concretos do Rio de Janeiro.

1956

O crítico encabeça a modernização do Jornal do Brasil e assume a coluna de artes visuais. Atua na comissão de premiação da IV Bienal de São Paulo. É indicado para uma bolsa de estudos do projeto Oriente-Ocidente, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que o levará, em 1957, ao Japão.

1961

Em São Paulo, Mario Pedrosa acumula os cargos de diretor do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) e de secretário-geral da VI Bienal de São Paulo. Entre março e maio, a serviço da Bienal, percorre Peru, México, Estados Unidos, França, Holanda, Bélgica, Tchecoslováquia, Polônia, Itália, Espanha e União Soviética.

1966

No Rio de Janeiro, candidata-se a deputado federal pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), mas não se elege. Os livros A opção imperialista e A opção brasileira são lançados. Pedrosa publica artigos sobre arte contemporânea, entre os quais Arte ambiental, arte pós-moderna, Hélio Oiticica, no qual introduz o termo “pós-moderno”.

1968

No Rio de Janeiro, Mario Pedrosa sofre uma isquemia após protestos contra a morte de estudantes pela ditadura militar. Viaja à Polônia e não volta ao Brasil, devido ao Ato Institucional nº 5. Segue, então, para Portugal. No ano seguinte, consegue que o espaço reservado ao Brasil na Bienal fique vazio, como denúncia da repressão.

1970

Processado por denunciar a violência do regime militar, Mario Pedrosa exila-se na embaixada do Chile no Rio de Janeiro. Após três meses, obtém salvo-conduto para viajar para Santiago, onde, em 1971, o então presidente Salvador Allende o encarrega da criação de um museu de arte moderna formado por doações. Pedrosa dedica os dois anos seguintes a esse projeto.

1973

O crítico retorna ao Chile dois dias antes do golpe militar que termina por assassinar Salvador Allende. A brutal repressão o obriga a se exilar na embaixada do México, onde permanece por 17 dias à espera de um salvo-conduto para deixar o país. Finalmente, viaja para a Cidade do México e, depois, para a França, onde recebe asilo político.

1975

Pedrosa retorna ao México, onde apresenta o texto Arte culta e arte popular. No Brasil, é lançada a coletânea de artigos Mundo, homem, arte em crise, organizada pela professora Aracy Amaral. Outro importante texto, Discurso aos Tupiniquins ou Nambás, é publicado pelo jornal Versus e em revistas de outros países.

1978

Um ano após o retorno de Mario Pedrosa e Mary Houston ao Brasil, em razão da reabertura política, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) é destruído por um incêndio. O crítico defende que o espaço se torne o Museu das Origens, cujo projeto, não realizado, incluía a arte de crianças, indígenas, artesãos e esquizofrênicos.

1980

Em fevereiro, Pedrosa vai a São Paulo, onde participa de um ato simbólico pela fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), no Colégio Sion. Com Apolônio de Carvalho, importante militante de esquerda, assina a ficha de filiação número 1 do partido. Na mesma ocasião, recebe uma homenagem da Bienal de São Paulo.

1981

No Rio de Janeiro, em 5 de novembro, Mario Pedrosa morre em seu apartamento, vítima de câncer, aos 81 anos. Muitas homenagens são prestadas por intelectuais e artistas. A Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) cria o Prêmio Mario Pedrosa, que, ainda hoje, se dedica a distinguir anualmente um artista brasileiro.

25 de outubro de 2023 a 18 de fevereiro de 2024

Concepção e realização: Itaú Cultural
Curadoria: Equipe Itaú Cultural (Núcleo de Artes Visuais e de Acervos e Núcleo Enciclopédia e de Memória) e Marcos Augusto Gonçalves
Consultoria: Quito Pedrosa
Projeto expográfico: Francine Moura e Davi Brischi

Visitação: de terça-feira a sábado, das 11h às 20h;
domingos e feriados, das 11h às 19h.
Acesso para pessoas com deficiência física
Entrada gratuita

Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149 – próximo à estação Brigadeiro do metrô / Piso térreo

Mais informações:
Telefone: (11) 2168-1777
Whatsapp: (11) 96383-1663
E-mail: atendimento@itaucultural.org.br
site: www.itaucultural.org.br

Estacionamento: entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108.
Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.

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