Detalhe de Noites de Esperança, Sandra Cinto, 2016.
Foto: Agência Ophelia
Itaú Cultural: 33 anos de apoio à arte e à cultura do Brasil
O Itaú Cultural é um dos principais braços institucionais do Itaú Unibanco. Em mais de três décadas de existência, a organização, uma das mais longevas do país no segmento, tem se dedicado à pesquisa, mapeamento, incentivo, produção e difusão de manifestações artístico-intelectuais nas mais diversas áreas de expressão, contribuindo para a valorização da cultura brasileira.
A programação do Itaú Cultural passa por todas as áreas de expressão. A organização realiza exposições, mostras de cinema, espetáculos de artes cênicas, atividades literárias, shows de música, programas educativos, cursos para professores, presenciais e a distância, entre outras iniciativas com foco no desenvolvimento da arte e da cultura brasileiras. Ao longo dos anos, a instituição recebeu 125 prêmios por diversas de suas iniciativas – dois deles dirigidos à atuação direta de seu gestor, Eduardo Saron.
Nos tempos anteriores à pandemia do Covid 19, o Itaú Cultural manteve programação intensa e gratuita tanto em sua sede em São Paulo – suspensa entre março a outubro de 2020 em razão do isolamento social –, quanto em equipamentos culturais parceiros em todo o país – paralisada neste ano, pela mesma razão – e por meio de transmissão online das atividades.
Assim que foi instituída a suspensão social a partir de 16 de março de 2020, a instituição se movimentou rapidamente para oferecer toda esta programação e atividades 100% online, ampliando e intensificando a sua atuação na web. Em paralelo, uma de suas primeiras medidas foi lançar Arte como respiro: múltiplos editais de emergência, para apoiar artistas impactados pela pandemia de áreas de expressão diversas com as artes cênicas, audiovisual, artes visuais, poesia surda e música.
Imediatamente, ainda, a organização procurou criar produtos que atendessem pela internet a toda a população brasileira isolada em suas casas. Lançou ações de entretenimento para adultos e crianças, como o Palco Virtual, com apresentações de música e artes cênicas, a programação IC para Crianças, nos finais de semana, e incrementou a exibição de mostras de cinema e visitas virtuais às exposições. Ainda, criou mais duas séries de podcast: Paiol Literário e Rumos Possíveis, os quais se somaram aos três lançados em 2019 – Toca Brasil, Mekukradjá e Escritores-Leitores –, que seguiram ganhando novos episódios.
Por meio do Observatório Itaú Cultural lançou um Painel de Dados passando a fornecer dados sobre o comportamento da economia criativa. Em parceria com o Instituto Pró Livro desde o ano anterior, em 2020 divulgou os resultados da quinta edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. Em parceria com o DataFolha, forneceu importantes dados sobre o comportamento e as expectativas do público online nesses tempos de pandemia e isolamento. Em dezembro, iniciou, com a PUC-Rio e a consultoria da JC Castilho, O Brasil que Lê, levantamento para mapear projetos promotores da leitura no Brasil.
Seguindo a sua vocação no setor da formação desde 1987, quando o Itaú Cultural nasceu, neste ano pandêmico a organização intensificou os cursos de ensino à distância (EAD), lançou a Escola Itaú Cultural e fez parcerias com o meio acadêmico para a criação de mestrado, pós-graduação e especialização (veja mais abaixo).
Desde 2017, o orçamento do Itaú Cultural é composto exclusivamente por recursos diretos do Itaú Unibanco, sem a utilização de benefícios fiscais da Lei Federal de Incentivo à Cultura, antes conhecida como Lei Rouanet.
A instituição vinha reduzindo as verbas incentivadas em sua operação e projetos desde 2009 (veja gráfico). Enquanto se valia da Lei Federal de Incentivo à Cultura, a organização utilizava o Artigo 26 desta lei que prevê contrapartida no sistema e permite a dedução de 40% do IR (e não 100%, como previsto no Artigo 18) até o limite de 4% do imposto devido pelo mantenedor.
Em 2019, o Itaú Cultural passou a integrar a Fundação Itaú para Educação e Cultura com o objetivo de garantir ainda mais a perenidade e o legado de suas ações no mundo da cultura, ampliando e fortalecendo seu propósito de inspirar o poder criativo para a transformação das pessoas. O aporte para as suas atividades em 2020 foi de mais de R$ 83,6 milhões.
Acessibilidade e protocolos
O Itaú Cultural investe cada vez mais em ferramentas ligadas à acessibilidade para os públicos cego e surdo, nos espaços expositivos e em seu site. Os espetáculos, palestras e debates, presenciais e transmitidos pela internet, contam com interpretação em Língua Brasileira dos Sinais (Libras). Todas as exposições apresentam mecanismos de inclusão, como audiodescrição, audiovisuais em Libras, piso e objetos táteis. A organização também oferece um curso de Libras para parte de seus colaboradores e prioriza a contratação de profissionais negros.
No contexto da pandemia do Covid-19, a partir das atividades presenciais reiniciadas em outubro no Itaú Cultural, toda a oferta respeita rigorosamente os protocolos sanitários. As mostras reabertas ou inauguradas nesse ano, quando a instituição voltou a operar presencialmente, foram integralmente pensadas para receber os visitantes dentro dos atuais parâmetros. Todo o prédio possui os equipamentos necessários para manter a higienização, distanciamento e acessórios de prevenção à contaminação pelo coronavírus, tanto para os visitantes quanto para os colaboradores.
Diversidade
Grande parte das ações do Itaú Cultural é pautada pela questão da diversidade. A instituição acompanha os debates da contemporaneidade, estimulando reflexões sobre os novos temas que permeiam a sociedade brasileira. Sua programação contempla eventos focados nos temas da sexualidade, da afetividade e da identidade de gênero e de grupos periféricos, bem como em questões indígenas e da negritude, além de contar com comitês internos para discutir questões raciais e de acesso inclusivo para todos os públicos.
Alguns dos trabalhos inscritos no Programa Rumos também retratam essa busca, apoiando projetos relacionados a estes temas. O Rumos é um dos maiores editais de financiamento de projetos culturais do país, realizado pelo Itaú Cultural desde 1997.
Crescimento Online
Somente em 2020, entre o site e a Enciclopédia Itaú Cultural de Artes e Cultura Brasileiras este número alcançou 46,5 milhões – 22,37% a mais do que em 2019, quando os acessos foram 38 milhões.
No mesmo período, a organização registrou mais 1,25 milhão de fãs em sua página no Facebook, somando mais de 23 mil novos frequentadores. Chegou a mais de 224,5 mil seguidores no Instagram, um incremento de 29% em relação ao ano anterior. Ganhou outros três mil no Twitter, reunindo cerca de 130 mil usuários que acompanham a instituição por esta rede.
Perto de 16 milhões de pessoas visualizaram os vídeos do Itaú Cultural no Youtube, um aumento de 4,6 milhões em relação à 2019, o equivalente a 42%. Além destes, a instituição exibiu ciclos de filmes em seu site, que receberam, no conjunto, mais de 36,5 mil visualizações entre 361 apresentações, como as do Festival Arte como Respiro, o qual levou ao público trabalhos selecionados nos editais de emergência, e do Palco Virtual. Neste mesmo ano, a instituição ampliou a sua grade de cinema online, exibindo 125 filmes, em 23 mostras, chegando à marca de 156.464 visualizações.
Redução presencial
Mais de 11 milhões de pessoas foram impactadas presencialmente pelas ações culturais e artísticas do Itaú Cultural nestes 33 anos de atividade. Em 2020, apesar de permanecer encerrado por seis meses, 123.662 pessoas passaram pelas atividades realizadas no edifício da avenida Paulista que abriga a instituição.
Igualmente, o público que costuma acompanhar as itinerâncias do Itaú Cultural foi reduzido, em consequência da pandemia. O ano começou com a abertura, em fevereiro, da exposição Narrativas em Processo: Livros de Artista na Coleção Itaú Cultural no Museu de Arte de Santa Catarina (MASC), sendo forçada a encerrar em 18 de março. Chegaram a ter acesso a ela, 911 pessoas.
As demais itinerâncias programadas pela instituição para o ano foram canceladas ou adiadas. Com exceção de um recorte de Fotografia Modernista Brasileira na Coleção Itaú Cultural, disponibilizado a partir de dezembro na plataforma Google Arts & Culture, que reúne coleções de arte de vários museus e institutos culturais do mundo. Até o final daquele mês, a exposição foi vista remotamente por cerca de 2,7 mil pessoas, a maioria do Brasil, mas também de alguns países da América do Sul, Europa, Ásia e alguns estados norte-americanos.
Entre o encerramento das atividades do Auditório Ibirapuera, em março, por conta da pandemia, e a entrega prevista em contrato da gestão do Itaú Cultural à Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, o público deste equipamento também apresentou redução drástica: 500 pessoas assistiram às únicas duas apresentações que puderam ser realizadas antes da suspensão social, Coro Luther King e Funmilayo Afrobeat Orquestra.
Enciclopédia e Biblioteca
O Itaú Cultural produz e mantém a Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. A plataforma contempla artes visuais, literatura, teatro, cinema, dança e música, reunindo 220 mil verbetes sobre artistas, instituições, grupos, exposições, espetáculos e obras de referência, além de 200 vídeos de depoimentos e entrevistas. Em 2020 a abrangência foi ampliada para a área de gestão cultural, incluindo gestores no setor e termos de conceitos na área. Também foi iniciado um mapeamento e produção de verbetes sobre a produção artística e crítica de indígenas, negros e mulheres que atuam na curadoria artística.
Constantemente atualizados e ampliados, os verbetes são compostos por textos, imagens, e eventos relacionados. O conteúdo é alimentado por uma equipe multidisciplinar de consultores, pesquisadores, especialistas, redatores e revisores. Em fevereiro de 2017, quando a organização completou 30 anos, a plataforma ganhou novo visual e funcionalidades para quem tem deficiência visual, cegos e surdos.
A iniciativa também conta com a Biblioteca do Itaú Cultural, que oferece ao público um amplo espaço dedicado à pesquisa e à divulgação da produção artística e cultural brasileira, sendo responsável por um acervo especializado em artes visuais, música, artes cênicas, cinema e vídeo, design, arquitetura, crítica literária e política cultural, além de publicações sobre arte e tecnologia, questões raciais e povos originários indígenas. Esta coleção é ampliada continuamente.
O espaço direciona a sua atuação para o meio artístico e acadêmico, atendendo pesquisadores, artistas e estudantes universitários de graduação e pós-graduação, com agendamento feito com antecedência. Em virtude da pandemia, esta forma de atendimento foi suspensa e ele continua sendo feito por email, tomando por base o acervo disponível digitalmente. Consultas podem ser feitas previamente também no catálogo online: itaucultural.org.br/acervobiblioteca.
A Biblioteca do Itaú Cultural disponibiliza cerca de 11,6 mil exemplares de mais de 11 mil títulos de livros, aproximadamente 13,9 mil catálogos de arte, 183 títulos de vídeo, 457 obras de referência (dicionários e guias, entre outros) e mais de 1,4 mil títulos de periódicos sobre arte brasileira e políticas culturais.
O Itaú Cultural também é um grande produtor de conteúdos proprietários. São mais de 869 títulos publicados – entre vídeos, livros e catálogos. Este material é distribuído gratuitamente a escolas públicas, professores, pesquisadores e centros culturais. Entre 2010 e 2020, foram entregues a esses destinatários 211.420 edições dessa produção.
Formação acadêmica
Passadas mais de três décadas desde a sua criação, com foco na geração de conteúdo para as artes, o Itaú Cultural cresceu e diversificou suas áreas de atuação sempre mantendo um olhar sobre a pesquisa, educação e formação. Cursos, masterclasses, palestras, mestrados, especialização em gestão e políticas culturais, cátedra das ciências, artes e tecnologia, são algumas das iniciativas da organização neste campo. Em 2020, esse trajeto desembocou no lançamento da plataforma Escola Itaú Cultural, para oferecer novos cursos online de diferentes modalidades e de forma permanente. Da abertura em novembro até o final do ano, a escola recebeu mais de oito mil acessos. No total, cerca de 3,6 mil alunos se inscreveram nos seis cursos oferecidos até então.
O Itaú Cultural também fez parcerias com o meio acadêmico como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com a qual criou o Mestrado Profissional em Economia e Política da Cultura e Indústrias Criativas; o Insper e Arq.Futuro, para lançar a Pós-graduação em Urbanismo Social – Gestão Urbana, Políticas Públicas e Sociedade; e uma especialização em Gestão Cultural Contemporânea: da Ampliação do Repertório Poético à Construção de Equipes Colaborativas, em conjunto com o Instituto Singularidades. Com esta instituição, a organização ofereceu, ainda, o curso de extensão Culturas Surdas na Contemporaneidade: Criações e Vivências Artísticas.
Neste campo, após 13 anos, em setembro de 2020 foi encerrado o curso de Especialização em Gestão de Políticas Culturais, realizado em parceria do
Observatório Itaú Cultural e a Cátedra Unesco Políticas Culturais e Cooperação da Universidade de Girona, Espanha. Com aulas ministradas pela web e presencialmente, o curso recebeu cerca de 13 mil inscrições de todos os estados do país e atendeu cerca de 500 alunos. Ao todo, foram formadas 324 pessoas, com 70% de aprovações.
Ainda no âmbito da gestão, foi criada a Semana de Gestão e Políticas Culturais, em que o Itaú Cultural leva cursos de formação a localidades de todo o país. Desde a sua criação, em 2008, o curso de 40 horas beneficiou mais de três mil profissionais ligados às áreas culturais entre as 34 cidades por onde passou:
São Luiz (MA), Porto Velho (RO), Boa Vista (RR), Rio Branco (AC), Salvador (BA), Aracaju (SE), Maceió (AL), João Pessoa (PB), Florianópolis (SC), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Goiânia (GO), São Paulo (SP), Macapá (AP); Recife (PE), Bauru (SP), Ribeirão Preto (SP), Presidente Prudente (SP), Belo Horizonte (MG), Janaúba (MG), Feira de Santana (BA), Crato (CE), Canoas (RS), Foz do Iguaçu (PR), Belém (PA), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Palmas (TO), Teresina (PI) e Vitória (ES).
A proposta desse curso rápido é realizar uma formação de produtores e gestores culturais para que possam lidar melhor com as especificidades da gestão cultural, compreender as diversas demandas de sua região e os desafios da atualidade.
Cátedra Olavo Setubal
A Cátedra Olavo Setubal, criada pelo Itaú Cultural em 2016, é a primeira na Universidade de São Paulo (USP) voltada para questões do universo das artes e da gestão cultural além de temas científicos e sociais. Desenvolvida em parceria com o Instituto de Estudos Avançados (IEA/USP), com duração mínima de cinco anos, ela compõe o curso para alunos da USP, pesquisadores, artistas, produtores culturais e membros de instituições culturais.
Em outubro de 2020, a titularidade passou para o antropólogo cultural Néstor García Canclini, da Universidade Autônoma Metropolitana da Cidade do México. Novamente devido à suspensão social, as ações públicas do novo titular até o fim do ano foram relacionadas à sua posse online, no canal do Instituto de Estudos Avançados da USP, somando ao todo 12 vídeos e 2.127 visualizações.
A disciplina teve como primeiro titular o cientista político, filósofo, e diplomata Sérgio Paulo Rouanet. No ano seguinte, o titular foi o arquiteto, designer gráfico e gestor cultural Ricardo Ohtake. A cátedra somou cerca de 300 alunos presenciais e mais de 500 via web. Em 2018, a titularidade passou à educadora e ativista social Eliana Souza e Silva, fundadora da ONG Redes de Desenvolvimento da Maré.
Em 2019, assumiram o posto o curador de artes visuais Paulo Herkenhoff e a professora da Unifesp Helena Nader. Neste ano, 1028 pessoas participaram da formação presencial e 930 da on-line, abrangendo um total de quase dois mil participantes.
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