Detalhe de Paralelas e diagonais, de José Yalenti.
Reprodução fotográfica João Luiz Musa
Coleção Itaú Cultural: acervo itinerante e espaço permanente
Com um acervo composto por mais de 16 mil peças, o Itaú conta com a maior coleção corporativa de arte da América Latina e uma das maiores do mundo. Complementada pela coleção Arte Cibernética e Filmes e Vídeos de Artista, formada pelo Itaú Cultural, ela foi inteiramente constituída com recursos próprios, sem uso de verbas de leis de incentivo. Em um esforço para garantir o acesso do público a estas obras, o Itaú Cultural realiza continuamente mostras gratuitas em sua sede, em São Paulo, e em itinerâncias pelo país e pelo exterior.
Devido à suspensão social, em decorrência da pandemia do Covid-19 e, consequentemente, ao adiamento das atividades presenciais, em 2020 esse fluxo foi praticamente interrompido. Ainda assim, em fevereiro, antes da suspensão social, foi realizada uma itinerância da coleção de livros de artista. A exposição Narrativas em Processo: Livros de Artista na Coleção Itaú Cultura foi aberta no Museu de Arte de Santa Catarina (MASC) em 11 de fevereiro e teve de ser encerrada já em 18 de março, por conta da pandemia. O público que teve acesso a ela foi de 911 pessoas.
A partir daí, as demais itinerâncias programadas pela instituição para o ano foram canceladas ou adiadas. Em dezembro, passou a disponibilizar virtualmente um recorte de Fotografia Modernista Brasileira na Coleção Itaú Cultural no Google Arts & Culture, plataforma do Google que reúne coleções de arte de vários museus e institutos culturais do mundo.
Esta seleção reúne 70 obras de 25 artistas, com destaque para as icônicas imagens fotográficas pertencentes à Coleção Itaú Cultural, composta de 160 obras de 38 artistas no total. As imagens reunidas, com destaque para os trabalhos realizados entre as décadas de 1940 e 1970, revelam alguns temas e conceitos para a compreensão do que foi o modernismo fotográfico brasileiro. Até o final daquele mês, a exposição foi vista remotamente por cerca de 2,7 mil pessoas, a maioria do Brasil, mas também de alguns países da América do Sul, Europa, Ásia e alguns estados norte-americanos.
Antes da pandemia se precipitar sobre o Brasil e o mundo, pelo menos seis recortes destas exposições haviam sido exibidos no próprio espaço expositivo da organização e outros 16 circularam por 78 cidades do país e 12 no exterior. O roteiro incluiu as capitais de estados como Bahia, Ceará, Distrito Federal, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, e de países como Argentina, Chile, França, México, Paraguai, Peru e Uruguai. A visitação em 2019 ultrapassou a marca de 2,5 milhões de pessoas. Estas itinerâncias foram realizadas sem o incentivo da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
O acervo reúne obras de arte contemporânea e moderna e abriga a Coleção Brasiliana, com imagens da iconografia nacional, desde o descobrimento do país, e a Coleção Numismática, que reúne moedas, condecorações e medalhas raras que fizeram parte da história brasileira.
Somente a Brasiliana Itaú soma cerca de três mil itens, desdobrados em aproximadamente 7,5 mil iconografias – de pinturas do Brasil holandês até as primeiras edições dos mais conhecidos álbuns iconográficos produzidos durante o século XIX sobre o país, bem como livros de artistas do século XX, obras de arte, objetos, cartografias e documentos manuscritos.
Com publicações datadas dos séculos XVI ao XX, muitos documentos trazem relatos de viajantes estrangeiros que se aventuraram pelo Brasil em busca de riquezas e glórias, verdadeiras ou imaginárias.
O acervo de numismática começou com a aquisição da coleção de moedas de Herculano de Almeida Pires, membro do Conselho de Administração do Banco Itaú, em dezembro de 1984. Na época somava 796 moedas de ouro, prata, cobre, níquel, cupro-níquel, alumínio e bronze. Com novas aquisições no Brasil e no exterior, hoje ela soma cerca de sete mil itens, aos quais se juntaram medalhas, condecorações e barras de ouro.
Exposição permanente
Um recorte da Brasiliana e da coleção de Numismática é abrigado desde 2014 no Espaço Olavo Setubal, em exposição permanente aberta ao público e já visitada por cerca de 382 mil pessoas. Somente em 2020, quando a instituição teve a sua programação presencial interrompida, entre março e outubro, em decorrência da pandemia, recebeu perto de 34 mil visitantes.
Instalado em dois andares na sede do Itaú Cultural, este espaço exibe mais de 1,3 mil peças - 969 obras de Brasiliana e 395 de Numismática, selecionadas curatorialmente entre os destaques das duas coleções, em um recorte dos cerca de 10 mil itens reunidos somente nestes dois conjuntos.
Entre as peças exibidas estão o óleo sobre madeira Povoado numa planície arborizada, produzido por Frans Post entre 1670 e 1680 – primeira peça adquirida por Olavo Setubal para a coleção – e uma vasta seleção de gravuras de Rugendas, Debret, Chamberlain, Auguste Sisson, Buvelot e Moreau, Schlappriz e Bertichen, reproduzindo as primeiras paisagens vistas do país.
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